Em discurso no Plenário Ulysses Guimarães, nesta segunda-feira (18), o deputado federal Romário (PSB-RJ) agradeceu o primeiro apoio público para investigar o passado político do atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marín. O parlamentar se referiu à uma entrevista da ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, à imprensa carioca. "Vou solicitar audiência com a senhora ministra, que falou ao jornal O Globo, para agradecê-la pessoalmente essa manifestação muito oportuna e bem-vinda do Governo Federal."
A campanha do ex-jogador tem como objetivo conhecer a ligação de Marín com a ditadura militar e buscar respostas o quanto antes. "Este senhor estará ao lado da presidente Dilma Rousseff na recepção aos chefes de Estado que virão para a Copa das Confederações e Copa do Mundo. Essa proximidade será meio constrangedora, pois nossa Presidente conheceu de perto a brutalidade daquele regime que prendia e torturava, à margem da lei", disse Romário. A ministra Rosário, em suas aspas para a imprensa, fez a seguinte declarção. "Pessoas que comprovadamente estiveram envolvidas em situação de morte, tortura e desaparecimentos forçados não devem ocupar funções públicas no país".
O presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos da OAB e da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous, também foi citado no discurso. "Ele considerou 'correta e urgente' a convocação do presidente da CBF pela Comissão Nacional da Verdade", destacou o socialista, com as aspas de Damous em seguida. "Marín era membro do partido que dava sustentação parlamentar à ditadura e, à época do suplício de Vladimir Herzog, o atual dirigente da CBF proferiu discursos agressivos e com nítido caráter de delação contra o jornalista".
Marín militou na ARENA, o partido da ditadura, e pode ter tido participação, mesmo que indireta, nos eventos que levaram ao assassinato do jornalista Vladimir Herzog. Romário lembrou ainda da campanha da família Herzog para afastar o presidente da CBF ganhou força após a coleta de mais de 40 mil assinaturas pela internet.
"Quero deixar registrado meu apoio e convidar os colegas deputados e deputadas, e todos os brasileiros, a fazerem o mesmo, em nome da democracia e dos direitos humanos, que são direitos de todos e cada um de nós", encerrou.