O tempo de espera para realizar uma perícia médica em algumas cidades brasileiras ultrapassa 120 dias, etapa crucial àqueles que precisam do benefício para garantir o sustento de suas famílias. O Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) recebe a cada mês mais de 589 mil novos pedidos de benefícios, destes, mais da metade são de auxílio-doença. De acordo com a demanda, faltam médicos peritos para garantir os atendimentos. Para tratar sobre o tema, a Comissão de Seguridade Social e Família realizou audiência pública, nesta terça-feira (4), na Câmara.
O deputado Alexandre Roso (PSB-RS), membro do colegiado, apontou problemas relacionados à falta de comunicação, informação e educação dos envolvidos neste processo. "Acho que o INSS deveria investir na educação do público, tenho impressão que a informação vai otimizar o processo", apontou Roso.
O Diretor de Saúde do Trabalhador INSS e representante do Ministério da Previdência Social, Sérgio Antônio Martins Carneiro, concordou com o parlamentar, reconhecendo que órgão tem problemas internos. “Começamos a diagnosticar, a falta de comunicação dentro das agências”, afirmou Carneiro.
Segundo o diretor, o INSS recebe quase 600 mil pedidos de benefícios por mês, sendo que 80% são atendidos em menos de 30 dias. “Os nossos problemas estão relacionados ao alto índice de rotatividade de médicos. Outra questão é sobre a qualificação para atuar como perito, que exige curso de formação”, ressalta Carneiro.
Novo modelo
Na oportunidade, o diretor apresentou novo modelo para qualificar e agilizar o sistema de perícia médica no Brasil, que deve ser implantado até agosto. “Esse modelo tenta fugir da centralidade médica. A incapacidade é um problema social, e não biológico”, esclareceu o diretor.
Segundo o diretor, a nova proposta tem como foco o segurado, através de uma relação mais humanitária. “Precisamos individualizar e conhecer cada segurado, para conseguir encaminhá-los da forma mais apropriada. Para isso, vamos criar mecanismos de escuta”, explicou o diretor.
Para agilizar os atendimentos serão contratados 300 médicos peritos. No quadro geral serão repostos 1.800 profissionais ao Instituto. “Neste novo modelo, queremos estabelecer o prazo de espera de 15 dias para realização da perícia médica a partir da data de solicitação”, apresentou Carneiro.