Numa sessão repleta de discursos emocionados, o Senado lembrou nesta segunda-feira (31), os 50 anos do golpe civil e militar de 1964. "O resgate da memória é fundamental para se construir um futuro de democracia", afirmou o senador João Capiberibe (PSB-AP), autor do Requerimento nº 56/2014 para realização da sessão especial. A deputada federal Janete Capiberibe (PSB-AP) esteve entre os convidados na mesa principal que prestaram seus depoimentos a respeito daqueles anos. Mesmo estando grávida, Janete foi presa na época e, posteriormente, ajudou o marido a fugir da prisão e dos torturadores.
Líder do PSB no Senado, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) afirmou que lembrar os 50 anos do início da ditadura militar em nosso País é fundamental para que se faça uma reflexão e para ter a certeza de que o Brasil nunca mais voltará a viver períodos como aquele. Já o senador Pedro Simon (PMDB-RS) recontou detalhes do dia 31 de março de 1964 e dos dias que se seguiram, provocando um silencia no plenário e um clima de emoção. "Esta é uma sessão singela, como deveria ser, mas com um enorme significado porque relembramos aqui momentos dramáticos de nosso País os quais nunca mais queremos viver", afirmou.
Um dos discursos mais veementes foi o do senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP). Segundo ele, naqueles anos, entre 1963 e a964, o Brasil vivia um de seus melhores momentos em todas as áreas, na economia, na política e nas artes. "O Brasil de 50 anos trás dava certo, não era o país do futuro, mas sim o país do presente que teve sua História interrompida pela ditadura militar, período que nada de bom construiu nos 21 anos seguintes", lamentou o senador.
Entre os convidados da sessão especial do Senado estava o ex-ministro, ex-governador e hoje vereador de Salvador Waldir Pires (PT), um dos homens mais importantes do governo João Goulart na época do golpe. Também fizeram parte da mesa o jornalista Luiz Claudio Cunha e o jornalista José Maria Rabelo, este que foi dono do Jornal Binômio, que apoiava João Goulart.
Sessão na Câmara – Nesta terça-feira, 1º de abril, às 9h30, será realizada uma sessão solene no Plenário Ulysses Guimarães a pedido da deputada Luiza Erundina (PSB-SP). Entre os principais convidados para a solenidade está Maria Thereza Goulart, viúva do ex-presidente João Goulart, cuja cassação abriu caminho para a ditadura.
Durante a sessão solene, a Câmara também vai inaugurar o "Ano da Democracia, da Memória e do Direito à Verdade" – uma agenda de eventos políticos, culturais e educativos que se estenderá até o fim de 2014. O objetivo é marcar a presença da Casa no resgate histórico daquele período, por meio da reafirmação da democracia e de homenagens aos que resistiram ao autoritarismo, como lembra a deputada Luiza Erundina.
"O Congresso foi diretamente afetado, atingido pelo regime de exceção. O Congresso Nacional foi fechado três vezes. A Câmara dos Deputados teve 173 parlamentares cassados", disse Erundina, que defende a continuidade das investigações sobre os desaparecimentos e mortes e a punição dos envolvidos.
Com informações da Agência Câmara