O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou, durante a live “Autorreforma e as Mulheres Socialistas do PSB” realizada na noite desta sexta-feira (7), que a participação feminina nos debates do projeto de modernização do partido precisa ser em todas as temáticas abordadas e não apenas naquelas questões referentes às pautas das mulheres.
“As mulheres na Autorreforma, assim como na política de um modo geral, não devem discutir só as questões das mulheres. Elas devem estar envolvidas nas discussões de todos os temas que compõem a Autorreforma”, defendeu, em coro com a deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), também participante da live.
A Autorreforma é um projeto de reestruturação interna completa do PSB em que se discute mudar a sua forma de funcionamento e atualizar seu manifesto de fundação e o programa partidário de 1947. Para isso, amplos setores sociais e os próprios membros do partido estão debatendo e colaborando com ideias sobre os cinco eixos temáticos do livro da Autorreforma – Reforma do Estado; Economia: prosperidade, igualdade e sustentabilidade; Desenvolvimento sustentável e economia verde; Políticas sociais e cidades criativas; e Socialismo criativo, democracia e o partido que queremos.
Para Siqueira, é preciso aumentar a participação das mulheres nas três instâncias de poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), nas instâncias partidárias e nas eleições. O socialista destacou que, para as eleições de 2022, com o fim das coligações proporcionais e com uma cláusula de desempenho mais alta, o PSB terá que se esforçar ainda mais.
“Tenho sugerido aos presidentes estaduais que procurem mulheres no partido e fora dele. Convidem mulheres, identifiquem lideranças e mulheres que tenham um perfil de sensibilidade social, que sejam contra essa desigualdade social que sofremos, e que tenham identidade com o partido”, disse.
O presidente do PSB ressaltou ainda que os objetivos dos homens precisam se somar aos das mulheres. “Eles devem entender a importância da participação feminina e devem buscar na sociedade e estimular para que mais mulheres possam participar da vida política e partidária do nosso país”, pontuou.
A secretária Nacional de Mulheres do PSB, Dora Pires, destacou que as socialistas precisam compreender o caráter inovador e estratégico do debate político partidário da Autorreforma para estarem “à altura” dos desafios que a atual crise política colocou a sociedade brasileira. “Revisitar o manifesto e o programa do PSB é fazer uma introjeção crítica saudável, é um ato de grandeza, de audácia e de muita ousadia”, disse.
O processo de debates do PSB foi iniciado na Conferência Nacional, em novembro de 2019, e propõe soluções concretas e inovadoras para o país nos âmbitos econômico, social, cultural e ambiental, por meio de um Projeto Nacional de Desenvolvimento.
Entre 19 de abril e 26 de julho deste ano, a cada quinze dias, acadêmicos, especialistas e representantes de partidos políticos se reunirão de forma virtual, sempre às segundas-feiras, às 19h, para debater as teses da Autorreforma. As discussões são abertas à participação de qualquer interessado, em cumprimento à proposta do PSB de discutir a reformulação do partido com a sociedade.
Dora criticou a desigualdade entre os gêneros na sociedade e defendeu que as mulheres tenham mais espaços de poder. “Isso é fundamental para conquistarmos uma nação verdadeiramente democrática. Se vamos discutir dentro da Autorreforma o Brasil e o partido que queremos, é importante que seja paritário com as mulheres, seus interesses, suas lutas e suas questões próprias”, afirmou.
“Enquanto houver disparidade entre homens e mulheres, um gênero subjugado ao outro, e enquanto não houver uma real ideologia dentro do partido, não seremos socialistas e nem teremos democracias plenas”, completou a secretária da SNM.
Em sua fala, a deputada federal Lídice da Mata afirmou que as mulheres que militam em partidos como o PSB o fazem para buscar e realizar uma sociedade mais justa. Para ela, é impossível pensar numa sociedade democrática sem mulheres.
“As mulheres socialistas são as que lutam por um Brasil soberano, desenvolvido, onde a educação e a saúde estejam acessíveis pra todos, um Brasil igualitário, desejamos que o valor do capital não seja preponderante, mas sim o valor da vida”, explicou.
Lídice criticou a invisibilidade das mulheres na política e que “não é uma referência natural” ter mulheres no poder. “Fui a primeira e única prefeita de Salvador, em 1992, final do século 20 e até hoje não houve uma segunda prefeita. Eu fui a primeira senadora da Bahia, a primeira mulher a pisar no Senado Federal para representar o povo baiano. Sabe quando? Em 2010, pleno século 21. E depois de mim não foi eleita outra mulher. Nisso vemos a dificuldade das mulheres alcançarem os altos postos de poder nesse país”, lamentou.
As mulheres correspondem a 52% da população brasileira e 53% do eleitorado do país, ou seja, são maioria. Além disso, 43% das mulheres no Brasil são chefes de família. Por isso, Lídice defende que as mulheres lutem pela sua inclusão na cadeia produtiva do país para “mexer na estrutura da sociedade”, para pensar em desenvolvimento nacional e mudar a realidade do país.
“Nós somos a maioria. Nós somos parte da sociedade e carregamos os problemas dela. O machismo, o patriarcado, a violência, o feminicídio, existem de forma estruturante na sociedade. Mas na nossa Autorreforma temos que destacar os pontos essenciais da participação feminina na sociedade e no partido”, disse.
“Na Autorreforma, precisamos ter o capítulo das mulheres, mas elas precisam estar discutindo em todos os capítulos (do Livro 4) e nós queremos ter o direito de discutir tudo que diz respeito às nossas vidas. Temos que obrigar os homens a debater conosco para terem responsabilidade de conquistar tudo isso conosco para a sociedade brasileira”, defendeu.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional