Nos últimos 21 meses, mais de 13 milhões de brasileiros migraram das classes D e E para a nova classe média. O setor de Turismo, no entanto, corre o risco de não absorver essa demanda para a Copa do Mundo. A desorganização nos preparativos para o Mundial, a falta de leitos na rede hoteleira, os problemas nos aeroportos, nas estradas e rodoviárias são os maiores obstáculos para convencer esses brasileiros a se envolverem com o evento e criar uma cultura turística.
A Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados discutiu o assunto em audiência pública nesta quarta-feira (26). Pelos cálculos do gerente de Projetos Estratégicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Antônio Henrique Borges, 200 milhões de brasileiros não estão envolvidos com a Copa. Segundo ele, apenas 4% das mais de 100 milhões de pessoas que foram para a classe C fazem turismo. “O grande problema é que não temos produtos para este tipo de mercado”, explica.
Para Borges, é preciso criar alternativas para envolver essa população na Copa, tanto no setor de negócios, como de Turismo. Ele cita o exemplo de Barcelona, que construiu uma rede de infraestrutura urbana para os Jogos Olímpicos de 1992 que mudou a vida turística da cidade.
O deputado federal Domingos Neto (PSB-CE), que propôs a discussão, considera que, a exemplo de Barcelona, o envolvimento da sociedade só é possível se a Copa deixar um legado social e urbano. “Precisamos ter planejamento estratégico, não apenas para esse eventos, mas para deixar um legado. O envolvimento do sistema “S” neste contexto é fundamental”, avalia.
Setor Hoteleiro – O preparo do setor hoteleiro também é fundamental para que o Brasil tenha sucesso no Mundial. O diretor presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores de Turismo, Moacyr Roberto Tesch, se diz preocupado com a falta de qualificação e requalificação dos trabalhadores do ramo. “Hoje, o Ministério do Trabalho só está focado nos trabalhadores do Bolsa Família. Só 10% dos que estão fora do programa são contemplados com a qualificação. O problema é que não é possível formar essa gente toda até a Copa, precisaríamos de tempo”, critica.
Por outro lado, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Enrico Fermi Torquato, aponta que dos 9 milhões trabalhadores do ramo 30% serão capacitados até 2014.