* Matéria veiculada no Jornal O Valor Econômico, edição desta terça-deira (31), e escrita pelo jornalista César Felício.
O PSB apresenta nesta quinta-feira o seu programa nacional de rádio e televisão, procurando explorar o nicho de fazer oposição ao governo federal pela esquerda. A sigla, que abrigou no ano passado a candidatura presidencial de Marina Silva, terceira colocada, irá contestar o ajuste fiscal que está sendo coordenado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. "O governo deu uma guinada claramente conservadora. O país não pode abrir mão de um pensamento de esquerda e o PT se rendeu", disse o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
De acordo com Siqueira, o PSB vê um vácuo nas defesas das posições tradicionais da esquerda desde que o PT passou a apoiar um programa que envolve em redução de programas voltados para estudantes carentes, desempregados e pensionistas. "O que está levando a população às ruas não é apenas a crise ética, é a insatisfação profunda com as mudanças na economia. Estão limitando o seguro-desemprego no momento em que o desemprego deve subir, por exemplo", citou o dirigente. Ele não confirmou, entretanto, se o PSB votará contra as medidas provisórias e o projeto de lei que estruturam o arrocho no Congresso. "Nossa tendência no Legislativo é lutar pela aprovação das emendas que apresentamos", disse.
Irão falar no programa os três governadores do partido (Rodrigo Rollemberg, do Distrito Federal; Paulo Câmara, de Pernambuco; e Ricardo Coutinho, da Paraíba), o presidente Nacional do PSB, Carlos Siqueira, o vice-governador paulista Márcio França, o ex-deputado e candidato derrotado a vice-presidente Beto Albuquerque e Renata Campos, a viúva do ex-governador pernambucano Eduardo Campos, que morreu em um acidente aéreo em agosto do ano passado, quando disputava a Presidência.
"Nossa ideia é trazê-la para a cena política, mas ela resiste, pelo papel familiar que desempenha", disse Siqueira sobre Renata, com quem almoçou no Recife na semana passada. Em sua fala, Renata Campos evitará referências à conjuntura política e econômica, ao contrário dos demais. Mencionará o marido morto e relembrará parte das propostas eleitorais que Campos fazia.
O programa do PSB deverá demonstrar simpatia com as manifestações de rua, mas demarcar distância em relação a um eventual processo de impeachment da presidente. "O impeachment nasce das ruas e de fatos objetivos que comprometem a Presidência. São dois fatores condicionantes que jamais podem andar em separado. Não identificamos base legal para um impeachment", disse Siqueira.