
Vice-presidente da FJM, Alexandre Navarro. Foto: Humberto Pradera
Os principais representantes da Ciência e Tecnologia no Brasil denunciam que recursos importantes destinados ao setor não estão sendo aplicados e que poderiam estar ajudando muito no enfrentamento à pandemia por coronavírus.
Os especialistas participaram do debate “O Valor da Ciência, da Tecnologia e da Inovação como política de Estado”, que faz parte do Ciclo Diálogos, Vida e Democracia, uma série de videoconferências promovidas pelo Observatório da Democracia, fórum que reúne oito fundações partidárias: João Mangabeira (PSB), Lauro Campos e Marielle Franco (PSOL), Leonel Brizola-Alberto Pasqualini (PDT), Maurício Grabois (PCdoB), da Ordem Social (PROS), Astrojildo Pereira (Cidadania), Claudio Campos (PPL) e Perseu Abramo (PT). A iniciativa busca monitorar e avaliar o governo Bolsonaro, estudar as políticas governamentais e denunciar retrocessos e ataques à democracia.
O Orçamento Federal de 2020 travou R$ 5,1 bilhões (R$ 0,8 bilhão do Ministério da CT&I e R$ 4,3 bilhões do Fundo Nacional de C&T – FNDCT) carimbando-os como Reserva de Contingência.
“Esse recurso disponível poderia ser utilizado, imediatamente, para o controle da infecção de covid-19, ampliando o número de diagnósticos e tratamento de casos”, afirma o coordenador do evento, Alexandre Navarro, vice-presidente da Fundação João Mangabeira, braço de formação política do PSB, e ex-secretário nacional de Ciência e Tecnologia (C&T).
“R$ 25 bilhões destinados ao Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia não podem ser utilizados para pesquisa, produção de vacinas e medicamentos para o combate à Covid-19, pois foram caracterizados, nos últimos anos, pelo Orçamento Federal, como reservas para o pagamento de juros e ganhos de capital financeiro”, chama a atenção o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich.
Soft Power
A cada 1% de gasto em pesquisa e desenvolvimento gera um crescimento adicional no PIB de 9,92%, incorporação de valor em bens e serviços muito superior ao resultado do desembolso em outras áreas, como defesa, 0,03% e infraestrutura (0,01%), segundo Levy Economics Institute – EUA, 2017.
“Há o conhecimento científico que chamamos de soft power. Ele supera o poder de tanques e mísseis. Precisamos de um Ministério das Relações Exteriores no Brasil que compreenda o valor da Ciência para as relações internacionais do país”, defende Davidovich, que é doutor em Física pela Universidade de Rochester (EUA) e membro da Academia Mundial de Ciências.
Ele aponta como exemplo o conhecimento científico desenvolvido pela Embrapa e pela Fiocruz, que projetaram o Brasil internacionalmente.
Com informações da coluna de Samanta Sallum do Congresso em Foco