O sociólogo, Rangel Bandera, membro da Rede Desarma Brasil, afirmou nesta terça-feira (13) que de 300 mil armas ilegais apreendidas no Brasil nos últimos 10 anos, apenas 10% são de origem estrangeira. Bandera defendeu na audiência pública da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados um controle mais rígido de armas e munições no País. Para o sociólogo, faltam recursos às entidades de controle.
De acordo com o sociólogo, que também integra a ONG Viva Rio, as lojas que comercializam armas e munições são precariamente fiscalizadas, o que facilita que este produtos caiam nas mãos de pessoas não autorizadas. “A polícia afirma que 98% da munição apreendida com a bandidagem do Rio de Janeiro é de uma indústria nacional”, declarou. A informação derruba o argumento de que as armas utilizadas em crimes são estrangeiras.
O diretor institucional da Associação de Armas e Munições (Aniam), Salésio Nuhs, se defende. De acordo com ele, a indústria se autorregula e tem um controle rígido de tudo que é produzido aqui. O problema, aponta Nuhs, é a facilidade de falsificação de munições. “Em Bauru (SP), foi descoberta uma fábrica clandestina que produzia 300 mil munições por mês, a CVC (fábrica de armas) não vende isso por mês”, pontuou.
O Exército, representado pelo general Waldemar Barroso, minorizou a discussão sobre a origem das armas. Para ele, o Brasil deve ampliar os investimentos em controle, que ainda é muito baixo. O general declarou que falta dinheiro até para comprar trituradores de armas. Os equipamentos são utilizados para destruir as armas que foram entregues por cidadãos, apreendidas em operações ou estão e guardadas em fóruns. “Uma trituradora de armas custa cerca de 400 mil, temos 12 regiões militares, isso dá um gasto de R$ 4,8 milhões e o orçamento para investimento no próximo ano é de R$ 6 milhões”, reclama. O general afirmou que o Exército tem atuado cada vez mais em parceria com a Polícia Federal, o que tem otimizado o resultado de ações de apreensões em todo País.
A deputada federal Keiko Ota (PSB-SP) destacou a importância da Campanha do Desarmamento, que só este ano já tirou 35 mil armas de circulação. Para a parlamentar paulista, a campanha é extremamente eficiente para coibir a violência cotidiana, que geram mortes em brigas de trânsito e em bares, mas defende que seja intensificado o controle de armas nas fronteiras.
Qualificação – Outro ponto tratado durante a discussão foi a qualificação dos profissionais de segurança. O deputado federal Cabo Juliano (PSB-MT) lembrou que quando se fala em investimento, o tema formação fica de fora. “Investimento na área de segurança é compra de armamento. Ninguém defende a formação do policial”, reclama.
Comissão deve fará reforço orçamentário para controle de armas
A Comissão de Segurança Pública da Câmara deve apresentar emendas de R$ 20 milhões ao Orçamento de 2013 para a construção de um banco de dados único e inteligente voltado ao controle de armas de fogo, munições e explosivos no País. A informação foi passada pelo presidente da Comissão, deputado Alessandro Molon (PT-RJ).