O Brasil ainda não tem uma cultura de transferência de tecnologia às micro e pequenas empresas. Esta é a conclusão do deputado federal Ariosto Holanda (PSB-CE), membro do Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica da Câmara dos Deputados. Em pronunciamento no plenário Ulysses Guimarães, nesta segunda-feira (28), Ariosto reforçou a importância da assistência tecnológica aos pequenos empresários, visando o desenvolvimento econômico e social com diminuição das disparidades entre ricos e pobres e melhor distribuição de renda.
“As atividades dessas pequenas empresas são importantes para o País porque além de estarem presentes em todos os municípios, refletem o espírito empreendedor do brasileiro, promovem a formalização do trabalho, dão oportunidade à população de baixa renda, aumentam o número de postos de trabalho e empregam, aproximadamente, o mesmo número de pessoas que as empresas de grande porte”, argumentou o deputado.
Apesar de esse setor representar 98% das empresas do País, gerando riqueza, trabalho e renda, sua mortalidade é elevada. Relatório do IPEA mostra que, por ano, nascem cerca de 720.000 empresas de pequeno e médio porte, morrem 690.000 e somente 10% das sobreviventes têm 20 anos de vida. De acordo com Ariosto, a sobrevivência e o fortalecimento dessas empresas dependem fundamentalmente da garantia de quatro assistências: gerencial, financeira, mercadológica e tecnológica.
“É exatamente nesta última assistência que observamos que as micro e pequenas empresas estão mais preocupadas com as suas contas do que com a inovação ou a melhoria do processo produtivo”. O deputado Ariosto lembrou ainda que é por conta dessa falta de apoio tecnológico aos pequenos empreendimentos, que o mercado está completamente dominado pelas grandes empresas e consórcios.
Soluções imediatas x Falta de suporte
Três problemas concorrem para dificultar a oferta de um suporte técnico contundente. A primeira é a falta de assistência que pode ser suprida pelos Centros Vocacionais Tecnológicos (CVT). A segunda é a dificuldade de acesso à informação, que tem como alternativas o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Instituto Brasileiro de Informação Científica e Tecnológica (IBICT).
Por fim, falta de uma política de extensão tecnológica por parte das instituições que detêm o saber – universidades e institutos tecnológicos. “Precisamos dimensionar as necessidades e alocar recursos orçamentários para o Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação a fim de dar suporte a esse grande programa de extensão tecnológica no País, que tem como viés os CVTs”, finalizou o deputado.