Um ato em defesa da democracia uniu parlamentares de diversos campos políticos em reação ao desfile de tanques militares na Esplanada dos Ministérios organizado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, nesta terça-feira (10). Os deputados denunciaram que a ação é uma clara ameaça de Bolsonaro aos demais poderes da República, no dia em que a PEC do voto impresso, principal bandeira de Bolsonaro atualmente, será votada na Câmara dos Deputados.
A oposição na Câmara marcou posição firme contra as ameaças e ataques ao Estado brasileiro. O líder do PSB, Danilo Cabral, afirmou que o parlamento não vai aceitar as ameaças do governo Bolsonaro contra a democracia. Para o deputado, a maior resposta dos parlamentares à afronta de Bolsonaro será a derrubada da PEC.
“Estamos unidos para defender a democracia e as Forças Armadas como uma instituição que não pertence a governo nenhum, mas ao Brasil. A gente gostaria de estar tratando de temas urgentes para o país como a compra de vacinas, o auxílio emergencial, o emprego, mas estamos aqui tendo que defender a nossa democracia. Temos que defender a imprensa livre, o Judiciário. Fora Bolsonaro! Ditadura nunca mais!”, protestou.
Segundo o líder da Oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), a ampla mobilização de parlamentares de diversos espectros políticos mostra que a Câmara não aceita intimidações. “Não aceitamos as desculpas de que o desfile no mesmo dia da votação foi uma coincidência. Nunca houve desfiles como esse desde a redemocratização. Essa foi a forma de constranger a Câmara para aprovar o voto impresso e a melhor resposta será a reprovação da proposta com amplo placar”, afirmou.
Na avaliação do líder da Minoria na Câmara, deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), o momento é grave. “Mais uma vez, Bolsonaro faz mal à sociedade e às Forças Armadas. A resposta é a unidade de todo no Congresso exigindo democracia. A melhor resposta às ameaças sistemáticas é dentro da Câmara derrotando a PEC do voto impresso”, defendeu. Para o socialista, Bolsonaro ameaça a democracia em um momento de profunda crise sanitária, social e econômica, ao invés de fortalecer o SUS, disponibilizar vacina para toda a população e trabalhar pela recuperação da economia.
Em nota conjunta, nove partidos da Oposição classificaram o desfile de veículos militares blindados em Brasília como “uma clara tentativa de constrangimento ao Congresso Nacional” e afirmaram ser “inaceitável” que as Forças Armadas permitam que sua imagem seja exposta para “sugerir o uso de força em apoio à proposta antidemocrática e de caráter golpista, defendida pelo presidente da República”.
As siglas – PSB, PCdoB, PDT, PT, REDE, PSOL, PSTU, Solidariedade e Unidade Popular – disseram ainda que “estranhamente, e diferente das edições anteriores, é a primeira vez que o convite é feito com um ostensivo e desnecessário desfile de blindados militares, injustificável e reprovável por várias razões de interesse sanitário público”.
Na mesma nota, os partidos também repudiam a aglomeração promovida pelo evento em momento de combate à covid-19. “Neste momento em que o Brasil acumula a trágica marca de quase 600 mil mortes, não tem sentido expor pessoas, inclusive os militares, promover aglomeração e gastar recursos públicos com tal atividade”, diz o texto.
“O povo não quer ver desfile de tanques de guerra, quer vacina no braço, respeito à democracia e instituições e governantes que trabalhem para gerar empregos e para acabar com a fome no País”, acrescentam.
Assessoria de Comunicação/PSB nacional