O Brasil levará mais de quatro décadas para atingir a meta do Plano Nacional de Saneamento Básico, com o ritmo atual de investimentos. A conclusão é de um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado nesta segunda-feira (11).
De acordo com a pesquisa, intitulada Burocracia e Entraves no Setor de Saneamento, a população do país só será atendida com água encanada em 2043 e, com acesso à rede de esgoto, somente em 2054. Segundo as metas definidas pelo Plansab, os serviços deveriam chegar a todos os lares em 2033.
Segundo o trabalho, os principais entraves para o saneamento são o excesso de burocracia, a falta de eficiência na aplicação de recursos públicos e os problemas de gestão. Tais fatores elevam custos, além de onerarem preços e serviços.
De acordo com os números mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), o país conta hoje com 48,6% de coleta de esgoto. A disparidade regional, no entanto, é assustadora. Enquanto no Sudeste o índice é de 77,3%, no Norte chega a apenas 6,5%. O estudo demonstra que há uma clara correlação entre o atendimento dos serviços de saneamento e o desenvolvimento econômico regional – a coleta de esgoto está diretamente relacionada ao PIB industrial.
Perdas de água
Atualmente, as perdas de água no país alcançam a média de 37%. Ou seja, mais de um terço da água distribuída pelas companhias de saneamento não chegam ao consumidor, por problemas como a falta de precisão de equipamentos, uso de aparelhos obsoletos, falta de manutenção e os chamados “gatos”. Tal situação representa menos investimento nos serviços de saneamento, uma vez que para cada R$ 100 de água produzida apenas R$ 63 são faturados pelas companhias.
O estudo da CNI concluiu também que, quanto menor o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região, menor o atendimento de água, coleta e tratamento de esgoto. Os números mostram, por exemplo, que o Norte e o Nordeste, onde o IDH historicamente é mais baixo, apresentam os piores resultados de perdas de água, com 50,8% e 45%, respectivamente. Com o atual ritmo de redução das perdas, a meta para a Região Norte – que seria atingir a marca de 33% de perdas em 2033 – só seria alcançada em 2089.
Para que sirva todos os lares do país com água tratada e coleta de esgoto, o Brasil precisa investir R$ 274,8 bilhões. O valor é o aporte necessário para atingir as metas de universalização traçadas para 2033 pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab).
Assessoria de Comunicação/CNI