O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, recebeu o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, na manhã desta quarta-feira (31), na sede do partido, em Brasília.
Solicitado pelo ex-deputado federal Camilo Capiberibe (PSB-AP), o encontro contou com a presença de Alexandre Conceição e Ceres Hadich, da direção nacional do MST, os deputados da bancada do PSB na Câmara Gervásio Maia, Pedro Campos, Heitor Schuch, Eduardo Bandeira de Mello e Lídice da Mata, o ex-deputado federal Elias Vaz (PSB-GO), o secretário do Movimento Popular Socialista (MPS), Acilino Ribeiro, o secretário nacional de formação do PSB, Domingos Leonelli, o presidente estadual do PSB-TO, Carlos Amastha, além de Mari Machado e James Lewis, integrantes da Executiva Nacional do partido.
No encontro, os participantes discutiram a conjuntura política nacional, analisaram os primeiros meses do governo Lula-Alckmin, além de temas ligados à reforma agrária, à produção de alimentos e à sustentabilidade.
Siqueira considerou muito positiva a oportunidade do encontro com os dirigentes do movimento e afirmou que o país vive há muitos anos uma crise política resultado de um sistema que não é mais funcional. “Tudo se resolve com a política, é preciso reinventá-la para estar à altura dos enormes desafios que se apresentam”, disse.
Stédile destacou a contribuição do PSB com a causa do MST e defendeu a necessidade de criar as condições políticas para construir um projeto popular para o país. “Reindustrializar o país, produzir alimentos saudáveis e ter um Estado forte. Esse é o tripé”, afirmou.
O ex-deputado Camilo Capiberibe salientou a importância do encontro. “A ideia desse encontro era dialogar, ouvir o Movimento Sem Terra que é um movimento social consistente que conseguiu continuar avançando num momento em que o Brasil inteiro recuou. O MST continuou não só se fortalecendo, crescendo, e se posicionando. Então, a ideia desde o início era ouvir a avaliação que o movimento faz e o que espera desses quatro anos desse novo governo do presidente Lula, quando no ano passado, nas urnas, a esquerda saiu enfraquecida do ponto de vista congressual e o resultado nós já estamos vendo nesses poucos meses de governo, e a gente queria entender como vocês enxergam isso, o que se pode fazer e, agora, com mais clareza no contexto que estamos vivendo”, justificou.
A mestre em Agroecologia e Agricultura Sustentável, agricultora e assentada no norte do Paraná, integrante da Direção Nacional do MST, Ceres Hadich, lembrou que o movimento fará 40 anos no ano que vem e afirmou que “os governos passam e o movimento fica”. Para ela, nessa perspectiva do momento histórico de quatro décadas e de autonomia, o desafio do movimento é se manter junto da sociedade na luta por algo que é maior que o sindicalismo pela terra, mas sim por uma sociedade mais justa e democrática.
“A gente segue se colocando como sujeito e como parte da sociedade brasileira. Nossa grande missão é fazer com que todos nossos bonés do MST, que hoje podemos ver sendo usados por todo canto do Brasil e isso é muito simbólico para nós, se tornem força política. Nessa perspectiva além da luta pela reforma agrária, nós nos colocamos nessa soma pela defesa e pela construção de um país melhor e se integrando como parte desse processo que já extrapolou essa luta que é do movimento”, explicou defendendo a necessidade de pensar um novo modelo de desenvolvimento da agricultura familiar e da agroecologia como forma de enfrentamento ao agronegócio.
A deputada Lídice da Mata (PSB-BA) destacou o caráter do MST de não se isolar apenas no campo, mas de também levar a luta para as cidades, além de seu aspecto de produção que combate o argumento central do agronegócio de que o movimento só “toma terras e não produz”. Em maio deste ano, o MST realizou a 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, no centro de São Paulo, que contou com mais de 500 toneladas de alimentos saudáveis produzidos e comercializados por mais de 1.200 produtores e que recebeu mais de 350 mil visitantes em três dias de evento.
“Essa ideia das feiras tem que se desenvolver mais ainda, levar para as capitais. Então o movimento do MST para as cidades, com sua marca, eu acho que tem uma importância grande”, sugeriu a parlamentar.
“O MST tem um papel e um potencial que precisam ser aprimorados, por decisão do Executivo, para avançar em políticas muito importantes para o país porque tem o conhecimento profundo das coisas, porque sabem agir e porque sabem movimentar as coisas”, afirmou o deputado Gervásio Maia (PSB-PB).