O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, defendeu ontem a formulaçāo de um novo plano estratégico para o Brasil, com um horizonte para as próximas décadas e que tenha na produtividade um dos objetivos mais importantes a serem perseguidos. Segundo ele, é preciso debater e identificar um conjunto de medidas, e construir em torno delas um novo pacto social, que tenha como resultado final a abertura de um ciclo que aproveite e preserve as conquistas do país, melhore a qualidade de vida do cidadāo e leve ao aumento da produtividade brasileira. “A produtividade resume de maneira muito expressiva as preocupaçōes postas na ordem do dia”, afirmou Campos, na palestra que encerrou o Fórum Exame, simpósio organizado pela revista para discutir o tema da competitividade da economia brasileira. “Sem produtividade nossas conquistas se perdem, os fundamentos de nossa economia se enfraquecem”, acrescentou.
Realizada em Sāo Paulo, a nova ediçāo do Fórum Exame reuniu um grupo qualificado de personalidades da política, dos poderes Executivo e Judiciário e do setor empresarial brasileiros para debater as soluçōes possíveis para destravar a economia e restabelecer um ciclo de desenvolvimento no Brasil. Mediado pelo jornalista Ricardo Boechat e prestigiado por mais de 400 pessoas, o simpósio abordou um diagnóstico aprofundado dos desafios impostos à economia brasileira e fomentou o debate em torno da produtividade, uma das preocupaçōes mais relevantes na pauta de empresários e investidores nacionais e estrangeiros.
“O restabelecimento da produtividade é uma questāo complexa, que exige uma estratégia de longo prazo, com medidas de curto prazo”, disse o governador de Pernambuco. Presidente nacional do PSB, ele frisou que um dos ingredientes mais importantes desse processo é o restabelecimento da credibilidade do Brasil. “A produtividade tem uma relaçāo direta com a clareza dos rumos. Exige uma nova orquestraçāo de medidas e a renovaçāo das instituiçōes”. Campos reafirmou sua percepçāo de que a construçāo de um novo ciclo de desenvolvimento nacional passa por mudanças profundas no exercício da política e nas instituiçōes.
Para o governador de Pernambuco, houve uma mudança significativa nas expectativas em torno do Brasil, dentro e fora do país, que culminou na séria crise de confiança que tem imposto entraves ao investimento produtivo. “O governo fez muitas mudanças com baixo grau de diálogo, seja com os empresários seja com as outras esferas de governo. Quem nāo participa, nāo tem obrigaçāo de concordar”, afirmou.
MUDANÇA COM DIÁLOGO – O governador de Pernambuco também comentou a importância da gestāo (especialmente no serviço público) e de uma melhoria na qualidade dos gastos com educaçāo. “É preciso debater o Brasil fora do maniqueísmo e com um horizonte que nāo se limite às eleiçōes. Precisamos construir consensos e pensar o país para as próximas décadas”. Citando sua experiência no governo de Pernambuco, Campos defendeu a implantaçāo e fortalecimento da meritocracia como ferramenta para a qualificaçāo e aperfeiçoamento do serviço público.
Para Eduardo Campos, a nova agenda brasileira é mais complexa e pode enfrentar resistências do que ele qualifica como a “velha política”. “O presidencialismo de coalizāo nāo conduzirá essa agenda no Brasil”, comentou. O presidente nacional do PSB está convencido de que as eleiçōes de 2014 deverá traduzir essa expectativa da sociedade por mudanças, favorecendo a entrada de novos atores e novas práticas na politica. “Todos nós temos compromisso com isso e o PSB deu sua contribuiçāo quando entregou seus cargos e se propôs a fomentar o debate”. Eduardo Campos voltou a afirmar que o PSB “nāo se arrepende de ter participado desses 10 anos de governo”, mas deseja o debate em torno dos problemas do país.
Segundo ele a sociedade brasileira ainda está mobilizada na cobrança por mudanças. “As pessoas foram para as ruas para melhorar o Brasil e voltaram para casa porque uma minoria partiu para a violência. Ninguém voltou para CASA por que a agenda está feita”, alertou. “A pauta nāo está construída”.