O presidente Nacional do PSB, governador de Pernambuco, Eduardo Campos, participou neste sábado (30) do congresso nacional do Partido da Pátria Livre (PPL), realizado em São Paulo sob a liderança do presidente nacional da sigla, Sérgio Rubens. O socialista foi recebido em clima de emoção pelos participantes do evento e muito aplaudido em suas análises sobre os rumos da economia no país.
Os dois partidos encontram-se num processo de aproximação, visando à participação conjunta na construção de um novo projeto para o país. O PPL prepara, inclusive, um documento com propostas para contribuir com o conteúdo programático que o PSB e a Rede Sustentabilidade elaboram para apresentar à população na campanha de 2014, informou o secretário nacional de organização do partido, Miguel Manso.
Eduardo Campos, que foi ao congresso acompanhado do líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), e do presidente estadual do partido em São Paulo, Márcio França, destacou pontos em comum com o PPL, que foi fundado em 2009 por membros do Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), surgido em 1964 com o objetivo de instalar um Estado socialista no Brasil.
“O PSB e os companheiros do PPL, ontem organizados no MR8 e em outras forças políticas, sempre estiveram pautados por valores que também pautaram a vida do PSB e daqueles que lideraram a nossa formação política”, afirmou Campos. “Entre esses valores está a preocupação central com o popular e com o nacional, com a necessidade de afirmar a soberania brasileira como valor estratégico para construir a cidadania e a melhoria da vida do nosso povo”.
Para ele, daí deriva, para ambas as siglas, a importância da emancipação desse povo e da construção de uma sociedade que tenha consciência de Nação, dos seus direitos, da sua força e capacidade de transformar o que parece, aos que não têm crença, impossível de se transformar.
“Nessa caminhada fomos nos ajudando mutuamente; o PPL ajudou formar importantes quadros para a vida pública brasileira, a formar pessoas que pensam, que formulam, que animam e questionam”, elogiou. “E nesse processo vivemos alguns pactos políticos que representaram pactos sociais exigidos pelo momento histórico brasileiro”.
Um dos mais importantes foi a reconstrução democrática do Brasil, ressaltou Campos. “Custou a vida de muitos militantes, a coragem de tantos outros, exemplos de bravura ainda hoje anônimos, mas que nos ajudaram a resistir e a poder ir cravando no caminho as estacas necessárias para a reconstrução da institucionalidade brasileira no processo de redemocratização do país”, reconheceu.
Redemocratização –A redemocratização, apontou, foi sacramentada na Assembleia Nacional Constituinte, “que teve a participação de todos nós na luta da sociedade que se expressou num Congresso que não tinha, como não tem ainda hoje, a representação que nós gostaríamos que tivesse. As preocupações que nós gostaríamos que tivesse”. Foi a redemocratização que permitiu ao Brasil abrir espaços para seguir adiante na luta para encontrar um processo de desenvolvimento que cumprisse o papel do crescimento mas, também, o da sustentabilidade, da inclusão, da possibilidade de gerar um outro quadro social no país.
Nessa luta, um dos principais entraves era a dívida externa, tão questionada pelo PPL e seus militantes, apontou Campos, por ter sufocado o crescimento do país por duas décadas, jogando fora oportunidades, talentos, pessoas, empresas nacionais, setores estratégicos da economia em que o Brasil tinha posicionamento importante. “E que fomos perdendo exatamente pela falta de um pensar estratégico, de um pensar no desenvolvimento nacional”, avaliou. “Foi assim nos setores de medicamentos, no metal-mecânico, no de semicondutores, no naval, no petróleo e em várias outras áreas em que o Brasil foi perdendo oportunidades e legando um processo que ainda perdura, de redução da expressão da nossa indústria na formação da riqueza nacional”.
Estabilidade econômica –Nos últimos anos, reconheceu o socialista, vivemos um momento diferenciado nesse processo com a conquista da estabilidade da economia – pressuposto fundamental para o desenvolvimento atingir fundamentos macroeconômicos mais sólidos, “pois a ausência da estabilidade corrói, sobretudo, a renda da classe trabalhadora”. “Só que aí vimos que, mesmo pondo fim a um ciclo inflacionário perverso, isso não foi suficiente para o Brasil retomar um crescimento assemelhado aos seus vizinhos, ou ao crescimento do mundo. Percebemos que a questão social, da desigualdade, era um grande freio ao crescimento brasileiro”, avaliou.
Um país como Brasil não podia renunciar à possibilidade de ter um mercado interno pujante, capaz de reduzir essas desigualdades e incrementar um ciclo de expansão econômica. “Vivemos, então, um ciclo de inclusão social importante no governo do Presidente Lula, em que muitos brasileiros, sobretudo das regiões mais pobres do país, tiveram oportunidade de carimbar a sua carteira, de abrir um pequeno negócio, de ter o direito cidadão a políticas negadas até então pelo Estado brasileiro – um Estado que sempre esteve distante do Brasil real, cada vez mais encastelado”, criticou.
Entretanto, no momento atual, pregou Campos, o que o Brasil precisa, até pelas décadas perdidas, é acelerar um pouco mais esse crescimento econômico. Ainda mais porque foi atingido, como o mundo todo, pela maior crise da história do capitalismo. Precisamos, aponta ele, de um novo modelo de desenvolvimento.“O momento agora é de iniciar um novo ciclo econômico e social que preserve as conquistas já alcançadas – democracia, estabilidade econômica e inclusão social – mas que tenha fundamentos consistentes e seja capaz de reconquistar a confiança dos investidores”, defendeu. “O país mudou e quer mudar mais, para não perder o que já conquistou e seguir avançando”.