O presidente da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), Jonas Donizette (PSB) criticou o fato de o governo federal não ter convidado os prefeitos para a reunião desta quarta-feira (24) com representantes dos poderes Legislativo e Judiciário para tratar da pandemia contra a covid-19.
Para Donizette, a atitude de não chamar os prefeitos, que são os responsáveis pela aplicação das vacinas nos municípios, demonstra falta de disposição do governo ao diálogo. “Os prefeitos estão angustiadíssimos com a superlotação dos hospitais e a demora na distribuição das vacinas. Como não gosta de ser contrariado, Bolsonaro fez uma reunião da gente com a gente mesmo”, ironizou.
A FNP divulgou uma nota em que critica o pronunciamento de Bolsonaro em rede nacional na noite anterior e a ausência de convite para que representantes dos prefeitos participassem da reunião desta quarta.
Para a entidade, depois de quase 300 mil mortes da doença no país, o discurso “vazio” de Bolsonaro veio com atraso, distorce os fatos e posições do governo durante a pandemia e “não expressa confiança”.
“Em seu pronunciamento em rede nacional, nessa terça-feira, 23, o presidente da República, Jair Bolsonaro, se solidarizou com as vítimas da COVID-19. A declaração do presidente está muito atrasada. Faria algum sentido há seis ou oito meses”, diz a nota.
“Agora, se apresenta como um discurso vazio e não expressa confiança. Mas, de sua fala, com muitos pontos que distorcem os fatos e posições do governo federal durante a pandemia, o que mais se destaca são os silêncios”, critica a FNP.
Segundo a entidade, o presidente deixou de falar, em seu discurso, de assuntos importantes e inescapáveis como lockdown, isolamento, escassez de medicamentos e de oxigênio. “Além disso, as erráticas decisões sobre aquisições e a enorme descredibilidade de seus repetidos argumentos contrários às vacinas agravam o cenário”, aponta.
Para a Frente de prefeitos, mesmo as afirmações presidenciais que parecem estar alicerçadas na ciência, como a defesa da vacinação em massa, carecem de credibilidade, pois a falta de coordenação nacional e as mudanças de posicionamento evidenciam “a baixa confiabilidade na condução da saúde pelo governo federal”.
Sobre a ausência dos prefeitos na reunião desta quarta, a FNP afirma na nota que “essa parece ser uma ideia de federalismo de conveniência”.
“O Brasil e os brasileiros estão abandonados pelo governo federal. Muitos nas suas casas, nos leitos dos hospitais e outros tantos, infelizmente, nos morgues das casas de saúde ou em covas coletivas”, afirma a nota.
Ainda no documento, a FNP ressalta que o cenário brasileiro atual não condiz com o que descreve o presidente. “É importante ressaltar que as novas cepas não são as causas do descontrole no país. O descontrole é que acelera o surgimento de variantes do vírus. De cada dez brasileiros imunizados, nove são com vacinas que ele não só menosprezou, como rechaçou”, critica.
Ministro não é citado em pronunciamento
A FNP de prefeitos também criticou a omissão de Bolsonaro, durante seu pronunciamento em rede nacional, em relação à posse do quarto ministro da área durante a maior crise sanitária dos últimos cem anos. “O presidente sequer citou fato tão relevante”.
“O presidente não disse nada com nada. Nem mencionou o novo ministro da Saúde. Ele se vende como um super-herói que não existe. Passa a ideia de que é uma pessoa isolada, que vive no mundo da fantasia”, critica Jonas Donizette.
Os prefeitos defendem ainda na nota ajuda aos pequenos empresários e a retomada do auxílio emergencial. “Nunca como esmola, mas como uma urgência de permitir a subsistência no isolamento social. Não há escolha entre a vida e a economia. Mortos não produzem e não consomem. É preciso salvar os cidadãos para salvar o país”.
Com informações do jornal O Globo