Diante de intensas manifestações sociais e do Congresso Nacional, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas educacionais (Inep) anunciou, nesta quarta-feira (20), o adiamento do Enem 2020. As datas dos exames nas versões impressa e digital serão adiadas de 30 a 60 dias em relação ao previsto nos editais.
Mesmo diante da crise da pandemia da Covd-19, e a recomendação de manter isolamento social, o Ministério da Educação negava as solicitações de cancelamento ou mesmo adiamento das provas impressas nos dias 1º e 8 de novembro e o exame digital nos dias 22 e 29 de novembro.
Os parlamentares socialistas lutam pelo adiamento das inscrições, e da avaliação, em muitas frentes e são autores de ao menos três propostas que tramitam na Câmara dos Deputados com esse objetivo.
O Projeto de Decreto Legislativo 199/2020, por exemplo, é assinado por Lídice da Mata (PSB-BA), Danilo Cabral (PSB-PE), Denis Bezerra (PSB-CE), Vilson da Fetaemg (PSB-MG), Alessandro Molon (PSB-RJ), Bira do Pindaré (PSB-MA), Mauro Nazif (PSB-RO), Gervásio Maia (PSB-PB) e Tadeu Alencar (PSB-PE) e pede a suspensão das inscrições.
Danilo Cabral é autor também do Projeto 169/2020 com a deputada Professora Dorinha Seabra (DEM-TO) e 167/2020, com o Professor Israel Batista (PV-DF).
“Com o isolamento social decorrente da Covid-19, nem todos os alunos têm acesso aos recursos necessários para acessar o conteúdo exigido na prova. Dessa forma, milhares de estudantes serão prejudicados se o calendário for mantido, indo de encontro a uma das principais marcas do Enem, que é a criação de oportunidades para as camadas historicamente excluídas do país”, justifica Cabral.
Após o Inep divulgar nota informando o adiamento da prova, o líder da bancada do PSB na Câmara, deputado Alessando Molon, publicou em suas redes sociais que a enorme pressão da sociedade fez o governo recuar, mas a luta continua. “Ainda não acabou: queremos votar hoje na Câmara que a prova seja adiada para depois da pandemia. É uma questão de justiça e igualdade! #AdiaEnem”, afirmou.
Hoje, Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, cobrou uma sinalização de Bolsonaro sobre o assunto. Em seguida, o presidente usou as redes sociais para anunciar a decisão de adiar a avaliação.
O adiamento do Enem foi aprovado ontem com a maioria dos votos pelo Senado, mas sem estabelecer nova data. A proposta chancelada pelos senadores prevê que em caso de estado de calamidade, como o atual, os processos seletivos para a educação superior serão prorrogados.
Após muita relutância, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, sugeriu hoje no Twitter o adiamento da prova. “Diante dos recentes acontecimentos no Congresso e conversando com líderes do centro, sugiro que o ENEM seja adiado de 30 a 60 dias. Peço que escutem os mais de 4 milhões de estudantes já inscritos para a escolha da nova data de aplicação do exame”, escreveu.
Na sequência, o Inep divulgou a nota formalizando a fala do ministro.