Exatamente no dia em que o Diário Oficial da União publicou a Lei nº 12.892/13, que torna Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, Patrono do Meio Ambiente Brasileiro, o Congresso Nacional realizou, na manhã desta segunda-feira (16), sessão solene em memória dos 25 anos de morte do líder seringueiro. A lei é de autoria da deputada Janete Capiberibe (PSB-PA), que estava na Mesa Diretora ao lado do vice-presidente do Senado, senador Jorge Viana (PT-AC), que conduziu a sessão solene.
Num clima de muita emoção, observado desde o momento em que foi tocado o Hino Nacional e o Hino do Acre, políticos, ambientalistas, amigos e Ângela Mendes, filha mais velha de Chico Mendes, foram à tribuna para homenagear a pessoa e a luta do líder dos seringueiros. A grande maioria afirmou que a morte prematura de Chico, aos 44 anos de idade, não impediu que a causa que ele sempre defendeu seguisse adiante.
Para a autora da lei, 25 anos depois de sua morte os ideais de Chico Mendes ainda estão bem vivos e absolutamente atuais. “Chico ainda é símbolo das populações oprimidas”, afirmou Janete Capiberibe na tribuna do Senado. Para a parlamentar, o que precisamos estancar nos dias de hoje é a cultura consumista que, segundo ela, poderá levar o mundo ao colapso.
Tanto na fala de Janete quanto os demais pronunciamentos foi destacado que o ambientalista foi morto numa época em que o desenvolvimento sustentável ainda não era conceito predominante no Brasil nem no mundo, como é hoje, e que ele se foi sem ver algumas de suas principais batalhas concretizadas. “Chico queria apenas terra e justiça e sonhava em ver na Constituição Federal os direitos das populações extrativistas e ribeirinhas”, lembrou Janete.
Um dos momentos mais emocionantes da homenagem ficou por conta da filha do seringueiro. Ângela Mendes afirmou na tribuna que há 25 anos tentaram calar a voz que falava de direitos, liberdade e justiça. “Mas não conseguiram”, garantiu. Representando toda a família, Ângela destacou que o que seu pai defendia era direitos iguais para os homens e mulheres das florestas, como educação, segurança e saúde. “Sabemos que o Brasil ter um seringueiro como patrono do meio ambiente deve perturbar muita gente, mas meu pai, que sempre foi avesso a títulos e homenagens, terá sua luta concretizada somente quando cessarem as mortes em embates por terras neste país”, disse a filha mais velha de Chico Mendes sob muitos aplausos.
A sessão foi encerrada com o pronunciamento do senador Jorge Viana. “Chico queria apenas seres humanos no contexto da floresta, com direito a escolas com condições de ensinar e direitos respeitados”, concluiu o vice-presidente do Senado.
História – Em 22 de dezembro de 1988, uma semana após completar 44 anos, Chico Mendes foi assassinado com tiros de escopeta no peito na porta dos fundos de sua casa quando saía de para tomar banho. Chico anunciou que seria morto em função de sua intensa luta pela preservação da Amazônia e buscou proteção, mas as autoridades e a imprensa não deram atenção.