A bancada do Partido Socialista Brasileiro (PSB) no Senado Federal iniciou nesta segunda-feira (02/02) sua atuação na 55ª Legislatura, reforçada com a eleição de três novos companheiros – Fernando Bezerra Coelho (PE), Roberto Rocha (MA) e Romário (RJ) que juntam-se aos outros três senadores que já exerciam o mandato – Antonio Carlos Valadares (SE), João Capiberibe (AP) e Lídice da Mata (BA).
Seguindo as regras do rodízio estabelecido desde 2011, a bancada definiu, por unanimidade, que seu novo líder será o senador João Capiberibe (AP), que exercerá o cargo durante o ano de 2015, sucedendo os ex-líderes Antonio Carlos Valadares (2011), Lídice da Mata (2012) e Rodrigo Rollemberg (2013/2014), que renunciou ao seu mandato por ter sido eleito, em outubro passado, governador do Distrito Federal.
O novo líder da bancada do PSB, senador Capiberibe, saudou a chegada dos novos colegas – Fernando Bezerra Coelho, Roberto Rocha e Romário, que ao seu lado e dos senadores Antonio Carlos Valadares e Lídice da Mata, reforçam a bancada, honrando as tradições democráticas e socialistas do Partido, e respeitando a posição de independência propositiva, definida pela Direção Nacional do partido, mantendo diálogo permanente com a sociedade, com os Partidos alinhados no campo popular e de esquerda, um diálogo maduro com os demais Partidos e, quando necessário, com o Governo Federal.
Conheça os novos senadores socialistas
Fernando Bezerra Coelho– É um administrador de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, foi escolhido ministro da Integração Nacional, responsável por obras de convivência com a seca e de infraestrutura hídrica e pela formulação e condução de uma política nacional de irrigação; e defesa civil.
Nascido no Sertão de Pernambuco tem trajetória política ligada a região, foi prefeito de sua cidade natal por três mandatos (eleito em 2004, 2000 e 1992), deputado federal (eleito em 1991 e 1986) e deputado estadual (1982). Possui também experiência administrativa, exercendo entre 2007 e 2010 os cargos de secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e presidente do Complexo Industrial Portuário de Suape, no primeiro governo de Eduardo Campos; e secretário de Agricultura e da Casa Civil de Pernambuco, durante os governos de Miguel Arraes.
Roberto Rocha– é graduado em Administração de Empresas pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e vem dedicando sua vida profissional às empresas de comunicação de sua família.
Aos 26 anos, foi eleito deputado estadual. Quatro anos depois, elegeu-se deputado federal, obtendo 27 mil votos e renovou o mandato com 80 mil votos. Em 2002, foi candidato a governador. Já no ano de 2006, saiu candidato a deputado federal pela terceira vez, conseguiu a votação consagradora de 140 mil votos e tornou-se o deputado federal mais bem votado da história do Maranhão. Como deputado federal, Roberto Rocha destacou-se como presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Câmara dos Deputados e Vice- Presidente da Comissão de Orçamento da Casa.
Em 2010 foi candidato a senador pelo PSDB, pela coligação “O povo é maior”, obtendo quase 700 mil votos. No ano de 2012, Roberto Rocha saiu candidato a vice- prefeito de São Luis na chapa de Edivaldo Júnior, na coligação “Muda São Luís” que reunia os partidos: PTC, PSB, PCdoB e PDT.
Romário – nascido na comunidade do Jacarezinho, no subúrbio do Rio de Janeiro, de origem humilde, com o apoio dos pais e o incrível talento com a bola nos pés, venceu os marcadores da vida através do futebol. Em 1994, Romário foi protagonista no tetracampeonato do Brasil na Copa dos Estados Unidos, tornando-se o melhor jogador do mundo. Em 2000, foi escolhido pela FIFA como um dos cinco maiores jogadores da história. No mesmo ano, foi eleito melhor jogador das Américas pela revista uruguaia El País e ganhou a Bola de Ouro da revista Placar, como melhor jogador do Campeonato Brasileiro. O “gênio da grande área”, como ficou conhecido, atingiu a marca de 1002 gols em 2007.
A vitoriosa trajetória nos gramados levou o atleta a fundar o Instituto Romário de Souza Faria em 1995 e idealizar o Projeto Romarinho, que funcionou de 1999 a 2002. Com o objetivo de diminuir as desigualdades sociais e criar oportunidades para as crianças carentes através do futebol, o projeto atendeu a centenas de crianças e jovens extremamente pobres dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Além do treino esportivo, as crianças e jovens tinham alimentação, serviços médicos, transporte e educação para a cidadania, o que resultou na decisão de muitos jovens em se afastar da vida de crime. Durante o primeiro ano, o projeto foi desenvolvido nas instalações da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio, em parceria com o Ministério do Esporte. A partir de meados do segundo ano, firmou parceria com a Fundação Vale do Rio Doce e se estendeu para as cidades de Vitória (ES) e Itabira (MG).
Na Câmara dos Deputados, foi 1º vice-presidente da Comissão de Turismo e Desporto, suplente da Comissão de Educação e Cultura, Vice-presidente da Frente Parlamentar da Pessoa com Deficiência, Diretor de Assuntos Esportivos e Acessibilidade da Frente Parlamentar da Atividade Física.
Capiberibe é o novo líder
O novo líder do PSB no Senado, João Capiberibe, nasceu no Afuá, na ilha de Marajó, no Pará. Cresceu às margens do rio Xarapucu, uma região isolada, sem eletricidade, sem escola. Estudou e militou no movimento estudantil em Macapá até os 17 anos. Na Escola Normal conheceu Janete com quem mais tarde se casou e tem três filhos. Em 1966 João partiu para Belo Horizonte, onde começou a estudar Economia. De volta a Belém, na Faculdade de Economia teve contato com a Ação Libertadora Nacional e foi ao Rio encontrar Carlos Marighella.
Depois do encontro, João e Janete partiram para uma região de extrema pobreza na divisa do Pará com o Maranhão, a fim de organizar um grupo de guerrilha, mas foram presos. Torturado, precisou fazer uma greve de fome para que lhe permitissem ver a filha recém-nascida. Doente, pesando 51 quilos, foi transferido para a Santa Casa, de onde conseguiu fugir, pela porta da frente do hospital, vestido com um avental de médico. Viajou clandestinamente pelos rios da Amazônia até chegar a Guajará-mirim, na Bolívia, rumo a um longo exílio de dez anos.
Os primeiros tempos do exílio foram passados entre a Bolívia, o Peru e o Chile. Neste período, conviveu com diversas situações de pobreza, de miséria, de injustiças, de devastação do ambiente, conhecendo por dentro problemas da Amazônia e da América Latina. Mas, também, deparou-se com a grande força da floresta, e percebeu as fabulosas possibilidades de um desenvolvimento não destrutivo.
Com a queda do presidente do Chile, Salvador Allende, os Capiberibe foram para o Canadá, onde João formou-se em zootecnia. Depois se mudou para Moçambique, onde foi cooperante internacional. Dali retornou ao Brasil, em 1979, após a anistia, mas no Amapá sofreu perseguições políticas, e teve de mudar-se novamente, indo residir com a família em Pernambuco, onde se ligou a Miguel Arraes. Em seguida foi para o Acre, organizando ali as sociedades agrícolas no Vale do Juruá.
Em 1988 foi eleito prefeito de Macapá. Em 1994, se elegeu governador do Amapá, sendo reeleito em 1998. No governo criou o PDSA (Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá), um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia. O programa valeu vários prêmios internacionais ao Governo do Amapá. A partir de 2001, criou um programa para divulgar receitas e despesas do orçamento do Amapá pela internet, em dados simplificados, para que o contribuinte pudesse acompanhar o uso do dinheiro público. Foram anos de crescimento sustentável no Amapá, e o êxito de sua política o consagrou senador da República, em 2002.
Em 2003, João e Janete foram denunciados pelo PMDB de terem comprado dois votos por R$ 26,00. O Ministério Público do Amapá recusou, por falta de provas, a denúncia e os dois foram absolvidos pelo TRE/AP, mas o PMDB recorreu ao TSE que reformou a sentença, em 2004, e cassou os mandatos de João e Janete. Capiberibe se dedicou depois da injusta cassação de seu mandato à implantação dos Núcleos de Base do PSB no Amapá.
Foi num clima extremamente negativo, isolado pela mídia, pela classe política e acusado nos meios de comunicação de estar enquadrado na Lei da Ficha Limpa que João Capiberibe apresentou sua candidatura ao Senado em 2010. Os amapaenses elegeram Capiberibe conscientes da injustiça que pesava contra ele.
O Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) proclamou eleito senador o candidato João Capiberibe (PSB), que estava com a candidatura sub-judíce por causa da Lei da Ficha Limpa, mas a ministra Carmem Lúcia, do Tribunal Superior Eleitoral, determinou ao TRE que proclamasse novo resultado das eleições para o cargo. Como em 2005, Gilvam Borges (PMDB) foi diplomado senador no lugar de Capiberibe.
Em 29 de novembro de 2011, com quase um ano de atraso, amparado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal, assumiu o mandato que lhe foi conferido nas urnas pelo povo do Amapá e tentou lhe ser usurpado por uma manobra dos adversários daquele Estado.