Cerca de 500 pessoas participaram neste domingo (17) na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, da caminhada "Intolerância não se sutestenta". O ato foi organizado pelo Movimento LGBT do Partido Socialista Brasileiro (LGBT) para chamar a atenção dos países membros da ONU presentes na Rio+20 – Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável.
Para o secretário Nacional do Movimento LGBT Socialista, Luciano Freitas, a passeata em plena Conferência da Rio+20 é uma oportunidade ímpar para chamar a atenção e se manifestar contra a intolerância que predomina em determinados países.
"Considero que o desenvolvimento social e sustentável não pode passar desapercebido frente aos direitos humanos. Por isso estamos presentes nesta marcha para reivindicar políticas mas eficazes ao segmento LGBT no Brasil e também para poiar as declarações internacionais dos presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Argentina, Cristina Kirchner, em favor da união civil LGBT.
O secretário de formação política do segmento LGBT Socialista e vice-presidente do PSB de Lagoa de Dentro (PB), Alcemir Freira, disse que a caminhada na Rio+20 deu visibilidade para as demandas mundiais dos LGBTs.
"É um espaço que reúne gente do mundo inteiro e que tem uma responsabilidade importante. Nós precisamos aproveitar as oportunidades para dar visibilidade às nossas demanda, como por exemplo, o casamento ilgualitário, a criação de políticas públicas para LGBT e a não crimilização dos homosexais que hoje acontece em mais de 15 países no mundo, alguns inclusive com pena de morte", explicou.
Os oganizadores da caminhada aprovaram o Manifesto LGBT na Rio+20.
Confira abaixo:
"Por um mundo sustentável e inclusivo, sem discriminação e violência"
A ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, entidade com status consultivo no Conselho Econômico e Social das Nações Unidas – se soma ao Fórum de Grupos LGBT do Estado do Rio de Janeiro, à Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro, demais entidades e comunidades na realização do Ato Unificado pela liberdade religiosa de judeus/judias, pessoas de matriz africana e da fé Bahá’i, entre outras, bem como o combate à intolerância e violação dos direitos humanos, em especial de negros(as), mulheres, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT).
A Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que conta com a representação de todos os países membros da ONU, é uma oportunidade ímpar para chamar a atenção e se manifestar contra a intolerância que predomina em determinados países, inclusive contra a população LGBT.
40% dos 193 Estados Membros da ONU ainda criminalizam a homossexualidade. São 78 países em que a homossexualidade é crime. Ainda, em cinco países (Arábia Saudita, Iêmen, Irã, Mauritânia, Sudão) e partes da Nigéria e da Somália a homossexualidade é punida com a pena de morte. (Fonte: ILGA)
Um exemplo típico da intolerância contra LGBT é o Irã:
Estima-se que mais de 4.000 homens gays e mulheres lésbicas já foram executados desde a revolução Islâmica de 1979. Muitos outros foram torturados e detidos. O presidente Ahmadinejad já declarou em várias ocasiões que não existem homossexuais no Irã. Em abril de 2012, um clérigo Iraniano criticou os homossexuais e a legalização de direitos dos gays no Ocidente, declarando que "os homossexuais e os políticos pró-gays são inferiores aos animais."
Exemplos de respeito à população LGBT:
Por outro lado, 30 países reconhecem as uniões homoafetivas (entre pessoas do mesmo sexo), sendo que 10 destes países reconhecem o casamento igualitário. 57 países possuem legislação específica que protege a população LGBT contra violência e discriminação. (Fonte: ILGA)
Argentina: No governo Cristina Kirchner foi aprovado em 2010 o casamento igualitário para casais do mesmo sexo e, em 2011, foi sancionada a lei de Identidade de Gênero, segundo a qual travestis e transexuais poderão alterar o sexo no registro civil e o sistema de saúde terá que proporcionar tratamento para adequação.
Brasil: Em 2011 o Supremo Tribunal Federal equiparou as uniões estáveis homoafetivas às uniões heterossexuais. O país tem políticas públicas de combate à homofobia e de promoção dos direitos das pessoas LGBT. Possui um Plano, uma Coordenação e um Conselho Nacional LGBT estabelecidos pelo Governo Lula.
Estados Unidos: O governo Obama vem trabalhando para eliminar todas as formas de discriminação contra os homossexuais nas Forças Armadas, o presidente se manifestou favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, além do governo estar se posicionando internacionalmente pela igualdade e pelo fim da violência e discriminação contra a população LGBT.
É necessário e urgente que sejam cumpridas por todos os Estados Membros da ONU as recomendações do Relatório encomendado pela Alta Comissária para Direitos Humanos, discutidas no Conselho de Direitos Humanos da ONU em março de 2012: "Legislação e práticas discriminatórias e violência contra as pessoas com base em sua orientação sexual e identidade de gênero (A.HRC.19.41)."
Rio de Janeiro, 17 de junho de 2012