Uma iniciativa inédita na história do PSB, que revela a “inconformidade aguda” e a consequente “inquietação de consciência” dos socialistas com o atual quadro político no país. Foi dessa forma que o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, definiu o processo de autorreforma do partido durante sua participação em uma live nesta terça-feira (25), a convite do presidente do PSB de Santa Catarina, ex-deputado federal Claudio Vignatti.
Siqueira explicou que a autorreforma surgiu após a constatação de que o sistema político existente há 35 anos produziu bons resultados até certo momento, mas que vem se deteriorando com o tempo.
Ele disse ainda que a autorreforma é também uma espécie de “assepsia”, pois na sua opinião, o partido deve contar apenas com aquelas pessoas que se identificam com a sua ideologia, expressa no texto autocritico.
Entre as distorções do atual sistema político, apontou a submissão ao sistema financeiro.
“A pauta passou a ser o que o sistema financeiro determina e não o que o povo necessita. E isso degringolou ao ponto de que o sistema financeiro passou por um processo gravíssimo de corrupção no país, que envolveu praticamente todos os partidos políticos, e isso gerou certa revolta da população”, afirmou.
Por esse motivo, ressalta Siqueira, a avaliação de que o sistema político “necrosou“ e que o PSB precisava ter a capacidade de fazer uma autocrítica para ser protagonista de uma mudança nesse sistema, assumindo os próprios erros e se tornando mais democrático, mais transparente e, sobretudo, atualizando seu programa partidário.
“Para termos moral para isso, a reforma precisa começar em casa. O partido não é um fim em si mesmo. Ele tem que ter como objetivos o desenvolvimento estratégico do país por um lado e, por outro, os direitos da população. A autorreforma nasceu então de uma simbiose: ela prega a mudança da forma de organização e de desenvolvimento do partido e, ao mesmo tempo, pensa o país, propondo políticas públicas capazes de representar um instrumento de luta da população brasileira num pensamento estratégico de desenvolvimento político, econômico e social”, ressaltou.
O presidente nacional ainda destacou a importância da autorreforma no processo eleitoral de 2020 e defendeu que ela não pode ser apenas teórica, mas sobretudo prática.
Em junho deste ano, a Fundação João Mangabeira (FJM), braço de formação política do PSB, lançou o livro “Boas Práticas Socialistas – Políticas Municipais”, que traz uma análise das 390 cidades administradas por socialistas em todo o país e reconhece e divulga as iniciativas de sucesso de 29 governos municipais sob gestões do partido.
“Nas eleições deste ano, precisamos aplicar a autorreforma. Nós temos experiências muito positivas e propostas para os candidatos a prefeitos que já são marcas do PSB e precisam inspirar a criação de bons programas em outros governos e municípios”, pontuou citando como exemplo a Lei da Transparência e o sistema de gestão compartilhada, criados em governos do socialista João Capiberibe.
Os programas Pacto pela Vida, em Pernambuco, e o Estado Presente, no Espírito Santo, também são marcas de gestão da política de segurança pública criados em governos socialistas.
“Essas marcas que precisamos imprimir, para além das coisas concretas e básicas como educação, saúde, segurança, entre outros. Essas linhas programáticas são importantes que se mantenham”.
Além disso, Siqueira defendeu o ingresso e a presença apenas de pessoas que se identificam com a ideologia do PSB nesse novo processo, definindo a autorreforma como uma “assepsia”.
“Nós queremos um partido socialista em que as pessoas venham por que são socialistas. Nós não queremos gente que chegue aqui e, no Parlamento, vote a favor de uma reforma da previdência de Bolsonaro ou de uma reforma trabalhista de Temer. Esse tipo de gente é oportunista e se vale do prestígio de um partido para depois traí-lo. Esse tipo de gente não nos interessa”, criticou.
“O PSB é a casa de quem tem compromisso com a população mais simples do país, com a soberania, com o desenvolvimento estratégico. Quem quiser representar interesses econômicos, de banqueiros, de pessoas ricas, vá para outros partidos, se filie a eles, não milite pelo PSB. Aqui é a casa de quem acredita na possibilidade de mudar o país profundamente e diminuir as desigualdades sociais”, completou.
Claudio Vignatti, que assumiu a presidência do PSB-SC no início deste ano, destacou a iniciativa inovadora da autorreforma. “Tenho encontrado muita gente que tem admiração pelo PSB e por esse posicionamento firme de construir um projeto de desenvolvimento nacional. Precisamos construir uma esquerda moderna e democrática no Brasil. E o PSB tem capacidade de fazer esse processo de articulação com a autorreforma e vamos conseguir fortalecer o partido nacionalmente em um projeto muito bonito para o Brasil”, afirmou.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional