Autor: João Campos, deputado federal pelo PSB-PE
O cenário conservador do mundo atual impõe inúmeros desafios para quem está à esquerda na política. E esses desafios começam pelo papel da inovação e da transparência.
Ter coragem de romper paradigmas e atrair as pessoas para o debate público na construção do mandato é uma tarefa que se coloca necessária e urgente sobretudo para nós, que estamos no campo da esquerda e que acreditamos numa agenda progressista, feita a várias mãos. Esta agenda deve ser nossa!
Penso que um caminho viável é buscar referências em modelos bem sucedidos de engajamento popular para criar o nosso próprio mecanismo parlamentar com essa finalidade. O Orçamento Participativo, oriundo das gestões petistas, é uma forma positiva de interação com as pessoas. O PSB, na gestão do ex-governador Eduardo Campos, inovou com o Todos por Pernambuco e foi premiado na ONU por essa iniciativa. Inclusive lembro das palavras do meu pai à época: “Só acerta quem escuta o povo”.
Ano passado, quando fui eleito com a maior votação da história do meu estado (460.387 votos), e, ainda, com a maior votação para deputado federal do Nordeste, sabia que tinha o desafio de dar resposta a tantos pernambucanos.
Foi por isso que, acreditando na política que transcende o gabinete para chegar até o povo, passei a ser o primeiro deputado federal da história de Pernambuco a abrir espaço para a contribuição efetiva do cidadão comum. Estou colocando para consulta popular uma parcela significativa das emendas parlamentares a que o meu mandato tem direito: R$ 5 milhões.
Dentro de áreas temáticas – a exemplo da Educação, Saúde e Recursos Hídricos – as pessoas podem votar naquilo que consideram prioritário para determinada região. Nenhum município pequeno será prejudicado porque as obras, projetos e ações serão preferencialmente regionais. Garantimos recursos para todas as quatro macrorregiões de Pernambuco: Região Metropolitana do Recife, Zona da Mata, Agreste e Sertão. Ainda teremos uma análise feita por uma comissão técnica para balizar as emendas vencedoras de acordo com a quantidade de votos, população impactada (a quantidade de pessoas atingidas por aquela ação) e o grau de viabilidade.
Enfim, voltando à discussão mais ampla sobre a participação popular, é preciso fazer uma crítica contundente: a política com olhar social (mais do que necessária para a realidade brasileira) não está e nunca esteve em sinergia com as diretrizes da atual gestão do Governo Federal. Pelo contrário: eles estão diminuindo a participação da sociedade civil nos conselhos federais e criam a falsa ilusão de que as redes sociais são o suficiente para suprir os canais de diálogo com a população. Lamentavelmente, este é um governo que gasta boa parte do seu tempo e sua energia se preocupando em criar cortinas de fumaça, com firula e pirotecnia, segregando o país em dois lados.
Em termos práticos, independentemente de ideologia ou coloração partidária, o que precisamos frisar é que qualquer cidadão imbuído do mais nobre espírito público poderá contribuir para inovar no nosso mandato. E, em âmbito nacional, é preciso lembrar sempre ao governo federal que a maioria do povo brasileiro não se sente representada e não os apoia. Contudo, esses brasileiros também devem ser respeitados e ouvidos – assim rege a democracia.
Para um governo que não tem e nunca terá o senso de participação popular, a melhor resposta que podemos dar é a nossa unidade. O engajamento das pessoas por meio da inovação no mandato é capaz de levar resultados efetivos àqueles que mais precisam. Vamos caminhar todos juntos, respeitando as diferenças e encarando de frente os desafios que se colocam diariamente, mostrando que o campo progressista está mais pronto do que nunca para conduzir as transformações que o povo brasileiro espera. Conto com vocês!