Presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Meio Ambiente, o líder da Oposição na Câmara Alessandro Molon (PSB-RJ) considera que a irresponsabilidade do governo Bolsonaro agrava a situação das queimadas na Amazônia.
Segundo Molon, as chamas que consomem a floresta que tem a maior biodiversidade do planeta costumam seguir o rastro do desmatamento: os 10 municípios que mais registraram focos de incêndio este ano também foram os que tiveram as maiores taxas de desmatamento, afirma.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre janeiro e agosto deste ano, as queimadas aumentaram 83% em relação ao mesmo período do ano passado.
“Isso não tem a ver com o período mais seco na região. É fruto das irresponsabilidades deste governo”, destaca o deputado.
Os estados mais afetados até agora pelos incêndios são Pará (1.713 km² devastados), Mato Grosso (1.049 km²) e Amazonas (912 km²), com destruição da floresta, morte de animais e aumento de doenças respiratórias na população. “A resposta do governo? Culpar ONGs ambientais”, critica Molon.
O socialista afirma que, com a ajuda do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, Bolsonaro tem desmontado as estruturas que deveriam cuidar do meio ambiente. “Atacaram o Inpe e demitiram seu diretor, cortaram 1/4 dos recursos do Ibama, deixaram oito das nove superintendências regionais do Ibama na Amazônia sem comando, o que inibe a fiscalização”, destaca.
Molon afirma que, pela falta de compromisso com a preservação ambiental, Bolsonaro “desdenhou” da ajuda milionária da Noruega e da Alemanha, que suspenderam a destinação de recursos para o Fundo da Amazônia.
Em discurso na tribuna da Câmara, nesta quarta-feira (21), Molon disse que Bolsonaro tenta, “de forma injusta e desonesta”, lançar suspeitas sobre organizações não governamentais para culpá-las de estarem por trás dos incêndios.
“Como é possível que um presidente da República não se envergonhe de cumprir um papel tão desonroso, tão vergonhoso, o de tentar lançar sobre organizações não governamentais a culpa pelos incêndios que vêm atrás do desmatamento?”.
Molon afirmou que a destruição da Amazônia vai impor graves prejuízos à humanidade, à flora e à fauna de todo o país. “Vai mudar o nosso regime de chuvas; e já está prejudicando a imagem do agronegócio brasileiro nos países que importam os nossos produtos”, disse.
“Ninguém ganha com essa destruição. É preciso interromper essa marcha da insensatez que o presidente, com a ajuda do Ministro do Meio Ambiente, tenta empreender, desmontando os órgãos de proteção ambiental, perseguindo e ameaçando fiscais”, criticou.
Molon disse ainda que a preservação do meio ambiente “não é inimiga” da produção agropecuária. “Ela é parceira. Sem chuvas, não há agricultura; sem agricultura, não há pecuária. A produção agropecuária depende da preservação ambiental. É preciso atualizar essa visão. Essa visão do presidente da República é velha e superada, já desmentida pela ciência”, ressaltou.
Para Molon, Bolsonaro se contradiz porque se diz patriota, mas, ao mesmo tempo, é leniente com o desmatamento. “Será que de fato o presidente da República ainda tem coragem de se dizer patriota, destruindo esse grande patrimônio nacional que é a Amazônia? Não acredito. Isso é demonstração de patriotismo? Isso é um crime de lesa-pátria. Isso é um crime de lesa-humanidade”, protestou.
Assessoria de Comunicação/PSB nacional