"A Fifa tem parcela de culpa pelo aumento dos gastos públicos". Essa declaração não saiu da boca do deputado Romário (PSB-RJ) como se imagina, mas da boca do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Benjamin Zymler, nesta terça-feira (3). A constatação se deu em encontro entre o parlamentar e os ministros responsáveis pelo controle dos gastos públicos nos megaeventos. Além do presidente, participou o relator do assunto Copa, Valmir Campelo. “Dessa vez não fui eu quem disse, o que reforça a minha teoria sobre a Fifa”, destacou Romário. A reunião foi idéia do deputado carioca que gostaria de se atualizar sobre a execução das obras da Copa do Mundo.
De acordo com os ministros, muitos termos aditivos que foram incluídos nos projetos do Mundial ocorreram por influência da Fifa. “Depois das licitações já realizadas houve muita influência da Fifa o que provocou aditamentos. Ela tem parcela de culpa na majoração dos valores da Copa”, afirmou o presidente do tribunal. “A grande verdade é que faltou planejamento”, completou.
Para Valmir Campelo, o fato não teria tanta importância se os investimentos fossem privados. Segundo ele, pelas auditorias realizadas é possível constatar que “sem dinheiro público não realizaríamos a Copa”. “Isso é exatamente o contrário do que discursou o presidente Lula, antes de deixar o governo, de que essa seria a Copa da iniciativa privada” recordou Romário.
A boa notícia é que, felizmente, o acompanhamento realizado pelo TCU nos investimentos da Copa já garantiu, segundo Campelo, uma economia de R$ 650 milhões à União. “Isso sem paralisar obras. Apenas com trabalho preventivo para evitar irregularidades”, comemorou.
Mobilidade urbana
“O quadro é pior do que se pensa”, revelou Campelo quando indagado pelo deputado Romário sobre as obras que representam o verdadeiro legado da Copa do Mundo aos brasileiros. De acordo com o presidente Benjamin Zymler, em outubro, três cidades-sedes do Mundial deverão anunciar a eliminação de algumas obras de mobilidade previstas na matriz de responsabilidade. Motivo: faltará tempo para concluí-las.
A informação revoltou o ex-jogador. “Eu já sabia que não teria boas notícias, mas essa é a pior de todas, porque seria justamente o setor de mobilidade urbana que ficaria como legado para a população”, protestou. Segundo Romário, os ministros estão convencidos de que o governo terá que enfrentar esse desgaste político, pois será pior iniciar um projeto que não terá conclusão até o evento.