As manifestações que vem ocorrendo em todo o País nos últimos dias chamaram atenção do Congresso e dos poderes Executivo e Legislativo para importantes mudanças que o Brasil precisa alcançar. Sensível a essa causa, o deputado federal Severino Ninho (PSB-PE) fez uma análise no Plenário, nesta sexta-feira (5), sobre a necessidade de por fim aos privilégios em todos os poderes do Brasil.
Para o socialista, a falta de confiança nos representantes políticos é a principal causa do desgaste dos brasileiros. “Além de temas importantes como a luta por melhores condições na saúde, educação e transporte público, temos que acabar com aos mandatos imperativos, de costas para os interesses do País.” Ninho afirmou que a principal missão dos parlamentares é defender e propor ações que visam melhorar a condição de vida dos cidadãos, nos mais variados aspectos do cotidiano.
Durante o discurso, o deputado lembrou fatos que decepcionaram os brasileiros, como as permanências do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado, mesmo com a assinatura de mais de um milhão de cidadãos pedindo sua retirada e do deputado federal pastor Feliciano (PSC-SP), no comando da Comissão de Direitos Humanos. “Além disso, tínhamos uma Proposta de Emenda a Constituição (PEC nº 37), que limitava a atuação do Ministério Público, tramitando na Casa”.
Esses fatos, somados as mortes na boate Kiss, deslizamentos e enchentes, estádios bilionários, dentistas sendo queimados vivos e a falta de punição dos culpados do mensalão foram, para Ninho, os motivos de grande insatisfação em todo o País. Segundo ele, o primeiro passo para modificar essa realidade é começar a defender, de fato, dentro do Congresso, as necessidades da população.
“Não podemos defender nessa Casa nossos interesses e muito menos de grupos econômicos, financeiros, corporativos ou qualquer outros que não esteja legitimado na supremacia da vontade popular”, argumenta Ninho. De acordo com o deputado, a atuação do Parlamento só será legítima na medida em que forem ouvidos os desejos dos cidadãos.
Algumas atitudes já foram tomadas, como a diminuição da tarifa de transporte em grandes capitais brasileiras, o arquivamento da PEC 37, a aprovação de mais recursos para saúde e educação, além do fim do 14º e 15º salário dos parlamentares. Mas para Ninho, muito ainda deve ser feito, como a necessidade de diminuir a verba dos gabinetes, que para ele tem um valor excessivo. “Nós exercemos o poder em nome do povo e temos a obrigação de salvar a democracia representativa, criando novos, ágeis e modernos meios de participação da cidadania, além de plebiscito, referendo e iniciativa popular, já previstos na Constituição”, finaliza o socialista.