A Câmara instalou, nesta quinta-feira (26), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar irregularidades na Petrobras. Na ocasião, o deputado Hugo Motta (PMDB-PB) foi eleito presidente do colegiado e o Luiz Sérgio (PT-RJ) indicado para assumir a relatoria.
Júlio Delgado (PSB-MG) e Rodrigo Martins (PSB-PI) são os representantes titulares do PSB na CPI. Adilton Sachetti (MT) e César Messias (AC) são os suplentes. Para o líder da Legenda na Câmara, Fernando Coelho Filho (PE), os socialistas têm a competência necessária para integrar o colegiado, no esclarecimento da situação da Petrobras. O esquema de lavagem de dinheiro e pagamento de propina envolvendo a Estatal está sendo investigado na operação Lava Jato, da Polícia Federal, desde março de 2014.
Fernando Coelho acredita que a CPI está desafiada a produzir resultados diferentes das anteriores, instaladas no ano passado. “Esperamos que essa investigação não sirva apenas de palanque político, porque o que a população na rua quer é um esclarecimento real dos fatos que estão estarrecendo todo o País.”
Esta é a terceira CPI instalada no Congresso Nacional para tratar do assunto. No ano passado, havia uma exclusiva do Senado e outra mista. As duas foram encerradas em dezembro, após sete meses de investigação. As conclusões das comissões constam de relatório produzido pela Comissão Mista.
O deputado Rodrigo Martins, que assume seu primeiro mandato na Casa, lembra que a renovação ocorrida na Câmara, com a eleição de 198 novos parlamentares para esta Legislatura, foi clara demonstração de que a população quer melhoramento no que diz respeito ao Parlamento brasileiro. “Aqueles que nos colocaram aqui cobram e exigem um trabalho sério. Precisamos trabalhar para que essas irregularidades sejam colocadas de forma transparente para que a sociedade tome conhecimento e para que a Casa se posicione.”
Ainda segundo o parlamentar, a Petrobras não pode ser culpada pela atual crise econômica. “São vários equívocos que aconteceram e acontecem no País e, dizer que ela está em crise por especulação, é brincar com o povo brasileiro”, pondera Rodrigo.
Independência – O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) acredita que a CPI da Câmara possui caráter mais independente que as anteriores. “Temos agora uma distribuição melhor entre os deputados e dos blocos partidários que se formaram para as eleições no inicio dessa Legislatura”, explica.
Diante disso, o socialista afirma haver maior possibilidade de aprovação de requerimentos para que sejam ouvidas pessoas importantes no andamento das investigações. “Nosso desejo aqui é o de apurar, de ir a fundo e de trazer as pessoas para prestar esclarecimentos. Esperamos conseguir a aprovação dos requerimentos apresentados e ver se existe mesmo o desejo dessa investigação acontecer ou não. E isso nós vamos dizer claramente quando da votação e da aprovação de pedidos de convocação de determinados agentes envolvidos na Lava Jato.”
Entre os requerimentos que serão apresentados por Delgado à CPI está o de convocação do presidente da Petrobras, Ademir Bendine. O socialista quer esclarecimentos sobre a relação da Operação Lava Jato com a queda da avaliação da empresa e a responsabilidade da diretoria nos episódios.
Na última terça-feira (24), a agência de classificação de risco Moody´s reduziu a nota da Petrobras, que perdeu o chamado grau de investimento. A Moody’s é uma das três grandes agências especializadas em avaliar o risco de empresas em países darem calote. O anúncio fez com que as ações da Estatal caíssem cerca de 5% nesta quarta-feira (25).
Na CPI da Petrobras de 2014, Júlio Delgado foi dos mais atuantes parlamentare contra a blindagem do governo às investigações e na busca de esclarecimentos.
A CPI atual terá o prazo de 120 dias para concluir seus trabalhos. O período pode ser estendido por mais 60 dias, por decisão do Plenário.