O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, participou na noite desta quarta-feira (16) do 11º ciclo de debates sobre a Revolução Brasileira no século 21. O encontro, que nessa edição abordou a Economia Criativa, promove um novo olhar para o processo de Autorreforma do partido ouvindo especialistas de diversas áreas.
Inspirado pela obra de Caio Prado Júnior, o programa tem como intuito estabelecer um diálogo entre as referências históricas do passado e os dilemas da Revolução Brasileira no século 21.
Ao iniciar sua participação, Siqueira pontuou que o Brasil e o mundo vivem uma crise na forma de fazer política e a Economia Criativa se revela um instrumento para repensar paradigmas.
“Mesmo os países mais ricos que adotam a economia criativa ainda estão dentro de um paradigma que não foi alterado profundamente. A crise pode gerar grandes soluções ou grandes problemas e os grandes problemas têm que nos ajudar a reformular, podem nos trazer a semente da novidade”, analisou.
Para Siqueira, muitas das soluções que os governos brasileiros buscam nos livros, “podemos encontrar em comunidades que vivem em situação precária pelo país”, é necessário que os governos cheguem até elas, as escutem, lhes deem oportunidades, ajuda técnica e financeira. “Os governos de esquerda no Brasil, por exemplo, criaram muitos consumidores, mas é necessário criar cidadãos conscientes do que consomem”, abordou Siqueira.
Cláudia Leitão, ex-secretária de Economia Criativa do Ministério da Cultura (MinC), antropóloga e professora, participou do debate e pontou que a visão de desenvolvimento do Brasil é pequena, “se tornou pragmática, confundimos qualidade de vida com PIB”.
“Em nome de um projeto utilitário, vamos acabar com o planeta e conosco, a economia criativa surge num pacote de noções econômicas, assim como a economia verde, azul e solidária. Representa o que há de mais importante: água, ar, nossa existência, sobrevivência e felicidade”, analisou.
Cláudia reforçou a importância de olhar para o Brasil e buscar soluções internas, que estejam alinhadas com as necessidades dos brasileiros. “Vamos aprender com outros países, mas vamos aprender também com o sertão, com o Ceará, com a periferia do Rio de Janeiro. Estamos acostumados a pensar e fazer em formatos globais, temos que valorizar nossa cultura”.
O presidente do Instituto Pensar, Domingos Leonelli, também participou do debate e classificou a Economia Criativa presente no novo programa do partido como “o eixo central de desenvolvimento do país”, por ela, é possível que o país entre na economia global não pelo consumo, mas pela produção criativa e intelectual.
“Consideramos a economia criativa como um sistema que envolve a cultura, tecnologia, pesquisa científica, nanotecnologia, Amazônia 4.0, entre outros pontos”, explicou.
Concordando com Leonelli, a coordenadora da Região Sudeste da JSB Nacional, Juliene Silva, relembrou aos que assistiam e participavam da transmissão que o Brasil ainda nem completou seu processo de industrialização, quando o mundo, enquanto economia globalizada, já superou a essa questão e está em outro momento.
“É interessante entender que nesse momento o Brasil ainda nem chegou nesse ponto. Quando falamos com a juventude e abordamos a economia criativa, reforçamos a importância da agregação de valor, da matéria humana, de criatividade em si, e para desenvolver esse processo passamos pela educação”.
Aniversário de Ariano Suassuana
O dramaturgo, ensaísta, poeta, professor, advogado e presidente de honra do PSB, Ariano Suassuna, completaria ontem 94 anos. Siqueira e Cláudia lembraram a importância de sua obra.
“Intelectual de primeira qualidade, tivemos honra de tê-lo como presidente de honra do PSB. Tive a alegria de ser o portador do convite para ocupar o cargo quando esteve aqui em Brasília e lembro com muito carinho desta data. Suassuna foi um grande socialista, sonhou com um socialismo bem à brasileira, como deve ser”, comentou o presidente.
Cláudia relembrou a amizade de anos que cultivou com o paraibano. “Ariano sempre falou sobre essa disputa entre o Brasil idealizado e o Brasil real, nossas elites são muito próximas do imperialismo, não reconhecemos a potência desse Brasil real, é nele que estão as soluções que buscamos”, finalizou.