“O lugar que cabe à velha política no Brasil, à política do fisiologismo e do patrimonialismo, é o da oposição, porque lá eles não sobrevivem”. A frase foi uma das mais enfáticas do forte discurso do presidente Nacional do PSB, Eduardo Campos, no ato político-cultural realizado em Brasília nesta segunda-feira (14), em que foi anunciada a indicação de sua pré-candidatura à Presidência da República e a de Marina Silva, fundadora da REDE Sustentabilidade e filiada ao PSB desde outubro de 2013, à Vice-Presidência. “Nós, da aliança PSB-REDE-PPS-PPL, vamos deixar essa gente na oposição, começando a construir o Brasil que o povo verdadeiramente quer. É possível, basta a gente acreditar”, afirmou Eduardo Campos.
Marina Silva reforçou o compromisso e garantiu que o 5º partido a formar a aliança deve ser o povo brasileiro, “que é esquecido no banco de reservas a cada eleição”. Segundo ela, os que entram para jogar são sempre os mesmos nas últimas décadas e a população está cansada dessa repetição, referindo-se à bipolarização das eleições. “O que estamos fazendo é abrir espaço para esse 5º partido entrar no jogo, apostando no futuro do Brasil, que tem que começar agora. Pelo Brasil que queremos, Eduardo para Presidente da República!”, conclamou a ex-senadora.
A indicação das pré-candidaturas foi o primeiro passo para a formalização da chapa Eduardo e Marina, que deve ser homologada em junho, na Convenção Nacional do PSB.
Sob o título “Eduardo Campos e Marina – Encontro pelo Brasil”, o ato político-cultural reuniu cerca de 1,5 mil pessoas no Salão Azul do Hotel Nacional, entre lideranças políticas, dirigentes e militantes dos quatro partidos. Senadores, deputados, governadores e prefeitos do PSB compareceram em peso, além dos presidentes do partido nos 27 estados. Personalidades como o escritor pernambucano Ariano Suassuna e políticos de outras siglas, como os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) também marcaram presença.
O evento foi aberto com um recital do pianista Arthur Moreira Lima, que é filiado ao PSB e, além de tocar o hino nacional num arranjo especial para o ato, também executou clássicos de Mozart e Vila Lobos junto com músicas das mais populares de Ernesto Nazareth, Luiz Gonzaga, Billy Blanco e Pixinguinha. Convidado para a mesa de autoridades, o socialista Arthur Moreira Lima declarou: “Estou muito honrado e feliz em participar desse momento único e da empolgação que ele desperta. Nós vamos conseguir chegar lá, sim, vamos conseguir nos livrar dos vícios que acompanham o Brasil desde 1.500”.
Em seguida, os dois mestres de cerimônia do evento – o primeiro secretário Nacional do PSB, Carlos Siqueira, e o coordenador executivo da REDE, Bazileu Margarido – apresentaram ao público os familiares presentes de Eduardo e Marina. Esposos, filhos e, no caso de Marina, também o pai e os sogros. No caso de Eduardo, até mesmo o pequeno Miguel, recém-nascido, presenciou o momento histórico.
Na sequência, Siqueira e Margarido se dividiram na leitura do documento em que PSB e REDE apresentaram os princípios básicos da campanha de Eduardo e Marina nas eleições 2014, o qual será levado à apreciação da Convenção Nacional do PSB em junho. Eles destacaram que os princípios básicos foram construídos por meio de um longo processo de debate que envolveu a colaboração de milhares de pessoas nos últimos seis meses, tanto militantes quanto da população, que participou por meio de uma plataforma aberta na internet. “E vamos intensificar ainda mais esse diálogo com a sociedade durante a campanha, para a construção de um programa de governo que realmente ajude a mudar o Brasil”, apontou Siqueira.
• Confira abaixo a íntegra do documento Princípios Básicos da Campanha
O economista Eduard Gianetti, da REDE, disse que a formalização das candidaturas de Eduardo e Marina, no evento, completa mais uma etapa da jornada da aliança. “Que será vitoriosa, não tenho dúvidas, porque o Brasil está cansado da polarização PT/PSDB, eles já deram o que tinham que dar”, afirmou. “Nós somos os portadores da esperança nessa eleição, os que podem transformar valores em ações. Enquanto isso, o governo Dilma, cheio de paradoxos, frustrou a população ao arrebentar as duas principais estatais do país e apresentar e menor taxa de crescimento da República, desde Fernando Peixoto e Collor”, comparou. “Estamos aqui porque amamos o Brasil. Vamos à luta!”.
Já a Deputada Federal Luiza Erundina (PSB-SP), ex-prefeita de São Paulo, num dos discursos mais inflamados, afirmou que este foi um dos atos de maior significado e expressão de toda a sua longa carreira politica. “Porque insere a possibilidade de termos um projeto de país que corresponda aos anseios reais dos brasileiros”, ressaltou. Erundina lembrou que a sociedade brasileira vem manifestando há anos, mais fortemente desde junho, grande insatisfação com os políticos e os partidos. “É uma rejeição à política do compadrio, para a qual os jovens gritam: vocês não nos representam, queremos mudança. Eduardo e Marina são essa mudança. Mas nossa responsabilidade é imensa, pois estamos gerando expectativas que vão além do resultado da eleição. Sejamos, então, os fiéis depositários da esperança do povo brasileiro”, conclamou.
Ariano Suassuna, por sua vez, que é presidente de honra do PSB, falou emocionado sobre seu apoio a Eduardo desde 2006, em sua primeira eleição para o governo de Pernambuco. “Começamos com 4% das intenções de voto, vencemos e ele encerrou o primeiro governo com 65% de aprovação popular e o segundo com 83%”, comparou. “Por isso a gente precisa viajar o Brasil para apresentar quem é Eduardo, o que ele fez por Pernambuco e o que pode fazer pelo Brasil. Ele é o político mais brilhante que já conheci, e já disse isso várias vezes. É um homem que cumpre o que diz e é disso que a gente está precisando nesse pais”.
O senador Cristovam Buarque foi curto e certeiro em sua manifestação ao público presente: “Não se faz democracia sem alternância no poder, e também não se faz progresso com alternância que volte para trás. Eduardo e Marina são o pra frente. Pelo sonho de alternância para o progresso, vocês podem contar conosco!”.
Primeiro aliado da aliança, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, lembrou que nas eleições de 1989, quando era presidente nacional do PCB, vivenciou um evento como o desse 14 de abril para a escolha do candidato à Vice Presidência da República. “Escolhemos Sérgio Arouca para disputar o cargo – não para fazer composições e alianças, não para ganhar mais tempo de TV, mas simplesmente por suas qualidades, porque era um grande brasileiro. Isso me remete a Eduardo e Marina hoje”, revelou. “O desmantelo da politica e de nosso país atualmente exige que qualifiquemos tudo o que for possível. Estamos atravessando o fim de um ciclo, econômico, social e político, e precisamos reconstruir a Nação. O povo foi às ruas exigir isso e nós, do PPS, acreditamos desde o primeiro momento que a aliança Eduardo e Marina pode cumprir esse papel. Nós estamos aqui para reafirmar que essas duas lideranças vão ter o nosso apoio nessa caminhada!”.
Miguel Manso, secretário-geral do PPL, o mais novo integrante da aliança, destacou que a história do Brasil é pródiga em mostrar que, quando progride a economia nacional, as conquistas sociais avançam; da mesma forma, quando se foca na política externa, acontece o que vemos agora no país. “Há três anos que o Brasil não cresce, que os serviços públicos se deterioraram e a indústria, carro-chefe de qualquer economia, parou”, apontou. “Essa é uma batalha pela regeneração das práticas políticas saudáveis. Não se pode governar sem amor ao povo e aos que mais precisam. O PPL se orgulha de participar dessa aliança e entende que não somos apenas quatro partidos, mas parte de uma corda que formará uma extensa teia. Eduardo e Marina, o Brasil precisa e espera por vocês!”.
• PRINCÍPIOS BÁSICOS DA CAMPANHA ELEITORAL DE EDUARDO E MARINA
Em 5 de outubro de 2013, o Partido Socialista Brasileiro e a Rede Sustentabilidade decidiram unir forças numa Aliança Programática para promover um diálogo com a sociedade brasileira sobre a necessidade e a urgência de uma agenda estratégica para o país, baseada em três compromissos:
• Ampliar a participação da sociedade no debate e nas decisões do Estado brasileiro, assegurando a transparência na gestão pública e o controle social mais ativo e eficiente;
• Assegurar o avanço nas conquistas econômicas e sociais obtidas nos últimos 20 anos pela sociedade brasileira;
• Criar as bases para um ciclo de desenvolvimento sustentável do país, com aproveitamento eficiente de seu potencial criativo e econômico e a preservação de seu inestimável patrimônio ambiental;
O debate iniciado no ano passado contou com a colaboração de milhares de pessoas que, por meio de uma plataforma na internet, expuseram suas ideias na elaboração dos cinco eixos que compõem as Diretrizes Programáticas da Aliança (Estado e Democracia de Alta Intensidade; Economia para o Desenvolvimento Sustentável; Educação, Cultura e Inovação; Políticas Sociais e Qualidade de Vida; Novo Urbanismo e Pacto pela Vida).
A mobilização de militantes e simpatizantes da Aliança amplificou o debate em todos os Estados e regiões do país. Já foram realizados Seminários Regionais sobre as Diretrizes Programáticas em três Regiões, com encontros em Porto Alegre (Sul), Rio de Janeiro (Sudeste) e Salvador (Nordeste), com cerca de 1.500 participantes em cada um. Nos próximos dias, o Norte e o Centro-Oeste reunirão suas colaborações nos Seminários de Manaus e Brasília.
Nesse período, integraram-se à Aliança dois novos partidos, PPS e PPL, contribuindo para os debates e ampliando um realinhamento político capaz de levar ideias, propostas e reivindicações dos diversos setores da sociedade –bem como o desejo de mudanças expresso pela população para as instituições políticas, especialmente parlamentos e governos– para o processo eleitoral que se aproxima.
O avanço no entendimento programático permite, neste momento, que os partidos integrantes da Aliança ofereçam ao país uma alternativa política que possa nas eleições deste ano romper com uma bipolaridade que predomina no cenário político e que se radicalizou a ponto de degradar o ambiente de diálogo criado com a reconquista da democracia, colocando em risco os avanços econômicos e sociais.
Determinados a estabelecer um ambiente no qual o interesse público seja o único dominante na condução da República, as lideranças e os militantes dos partidos que compões a Aliança, delegaram aos líderes do PSB, Eduardo Campos, e da Rede, Marina Silva, a tarefa de representá-los nesse processo eleitoral, como pré-candidatos à Presidência da República.
Eduardo Campos destacou-se em sua militância estudantil, popular e cidadã, e na sua experiência política como deputado estadual, deputado federal, secretário no governo Miguel Arraes, ministro de Ciência e Tecnologia e governador de Pernambuco por dois mandatos. Marina Silva ganhou projeção como militante socioambiental, vereadora, deputada estadual, senadora e ministra do Meio Ambiente. Ambos são depositários da confiança das forças sociais e políticas que se unem para proporcionar ao Brasil uma possibilidade de mudança e evolução.
Para cumprir com sucesso essa missão, a campanha da chapa Eduardo Presidente e Marina Vice-Presidente, se confirmada pela convenção em junho, seguirá os seguintes princípios:
• Intensificar e aprimorar o diálogo com os diversos setores da sociedade, em parceria com os partidos aliados, para a elaboração do programa de governo;
• Motivar e mobilizar a população e todos os demais partidos na defesa do Brasil e da causa democrática, acima de divergências e da competição eleitoral.
• Buscar um realinhamento das forças políticas que historicamente demonstraram compromisso com a democracia, a soberania nacional, a justiça social e a cidadania e a defesa do meio ambiente, em torno de uma agenda estratégica para o desenvolvimento sustentável do país;
• Apoiar as iniciativas que estimulem o debate democrático sobre temas de interesse nacional de empenhar esforços para participar dessas iniciativas;
• Rejeitar todas as práticas que possam provocar o desgaste dos demais candidatos à Presidência da República, como os ataques pessoais nas ruas, nos meios de comunicação ou na internet;
• Aliar-se às iniciativas em defesa de uma campanha eleitoral limpa, que promova o necessário debate entre propostas e evite o embate estéril entre os concorrentes;
• Dar transparência e visibilidade às ações e à prestação de contas, nos meios de comunicação da campanha e em novos instrumentos tecnológicos a serem criados para esse fim;
• Buscar o envolvimento permanente e intenso da militância, dos simpatizantes, dos movimentos sociais e do variado ativismo socioambiental brasileiro para realizar uma campanha inovadora, interativa, participativa e colaborativa, que estimule os compromissos sociais com o programa de governo.
Mais que objetivos eleitorais, esses compromissos expressam um compromisso do PSB, da Rede, do PPS, do PPL e outras agremiações políticas que se juntarem a essa Aliança com o aperfeiçoamento da democracia e com o propósito de construir uma nova cultura política, essencialmente pacífica e democrática.
Só com a reafirmação permanente da democracia o Brasil será capaz de valorizar a contribuição de cada cidadão e cada cidadã na conquista de melhor qualidade de vida para as atuais e futuras gerações.
A aliança que apresenta as candidaturas de Eduardo e Marina expressa o desejo intenso do povo brasileiro de superar as dificuldades e recuperar a esperança.
Brasília, 14 de abril de 2014