O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), criticou a manutenção da taxa básica de juros (Selic), hoje em 13,75%, em entrevista publicada no jornal O Globo nesta segunda-feira (27). Ele destacou que uma redução de 1% na taxa de juros injetaria R$ 60 bilhões na economia, o que abriria espaço para mais investimento público e, como consequência, mais obras e geração de emprego e renda.
“Cada vez que você reduz 1% do juro, você coloca R$ 60 bilhões a mais em possibilidades de gasto para o governo. Isso significa mais obra, mais emprego”, afirmou. “Do nosso ponto de vista, os acertos econômicos são tão densos que fica um pouco difícil defender uma posição tão radical de manutenção do juro alto”, completou.
O Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central, presidido por Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, manteve a taxa básica em 13,75%. O Brasil lidera o ranking de países com os maiores juros reais (descontada a inflação) do mundo. Em seguida vêm México, Chile, Filipinas e Indonésia, respectivamente.
Sobre as críticas ao presidente do BC, Campos Neto, Márcio França disse que “à medida que a pessoa se dispõe a estar num mandato que é independente, tem que saber que também está sujeito a críticas”. O ministro questionou os critérios de independência da autoridade monetária. “E se eles (integrantes do Copom) estiverem errados? Porque quando a gente erra, não se elege. Quando eles erram, qual é a punição?”
As taxas básicas de juros praticadas pelo Banco Central têm sido alvo de críticas do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin, de empresários e economistas, que denunciam o estrangulamento de todo o setor produtivo. “Não há razão para o Brasil ter maiores juros do mundo”, afirmou Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Segundo o vice-presidente, o governo está “trabalhando para baixar a Selic”.”Eu sempre ouvi que nós tínhamos três dificuldades: juros, imposto e câmbio. O câmbio agora está bem, o câmbio agora é só estabilidade, não permitir grandes oscilações. O imposto, estamos aí na iminência de termos aí, se Deus quiser, finalmente uma simplificação tributária, que vai dar um impulso na indústria e no emprego. Os juros vamos trabalhar para baixar, porque não tem nenhuma razão, não tem demanda que justifique ter o maior juros do mundo. E isso dificulta enormemente”, disse.
Com informações de O Globo