Promovida pela deputada Andrea Werner (PSB-SP), uma audiência pública debateu a questão da empregabilidade e renda das pessoas com deficiência com representantes do Poder Público, a sociedade civil e do terceiro setor para ouvir as demandas da população PCD.
Em sua fala, a parlamentar contou que descobriu tardiamente que tinha Transtorno do Espectro Autista (TEA) e, com isso, pode superar traumas gerados pelo preconceito. “Eu trabalhei no mundo corporativo e eu lembro que eu saí de um lugar em que eu era muito humilhada. Eu cheguei a ouvir do RH que eu era um erro de seleção. Isso só endossava o sentimento que eu tinha desde pequena que eu era uma pessoa quebrada e que não conseguia fazer o que as outras pessoas faziam”, declarou.
A deputada afirmou que conseguiu lidar melhor com este sentimento fazendo terapia. Segundo Andrea Werner, casos como o dela são exemplos das barreiras que pessoas neurodivergentes encontram para conseguir emprego, renda e dignidade. “Eu tenho visto recentemente muitas pessoas autistas em grandes corporações que não se revelam com TEA por medo do preconceito”, afirmou.
Advogada e fundadora da ONG Rede do Abraço, Renata Friedman defendeu que o papel da assistência social é fundamental para garantir a integração das pessoas com deficiência no mundo do trabalho. Segundo ela, além da capacitação, é fundamental o que ela chama de sensibilização para o trabalho – quebrar barreiras culturais que dificultam a inclusão dessas pessoas.
“Existem barreiras muito grandes, inclusive dentro das próprias famílias, pela crença de que elas não são capazes e não conseguem gerar renda. É um trabalho gigantesco mudar isso”, afirmou.
Secretária Executiva da Secretaria Estadual das Pessoas com Deficiência, Ana Paula Nedavaska apresentou os projetos do órgão voltado para a população PCD. Ela ressaltou que é preciso ter um olhar especial para a renda, pois muitas vezes essas pessoas são responsáveis pelo sustento de suas famílias.
A secretária Municipal das Pessoas com Deficiência, Silvia Grecco complementou, dizendo que, apesar da Lei de Cotas, muitas empresas carecem de estrutura necessária. “Muitos preferem pagar uma multa do que trazer a pessoa para dentro da empresa, porque eles entendem a acessibilidade arquitetônica, comunicacional e digital como um trabalho”, afirmou.
A gestora também trouxe a questão das mães atípicas, que muitas vezes são abandonadas pelos seus parceiros e ficam sobrecarregadas no cuidado dos seus filhos com deficiência. “Muitas vezes as mães abandonam suas carreiras e suas profissões para cuidar de seus filhos. Então nós precisamos também ter um olhar pensando na empregabilidade dessas pessoas.”
Com informações da Alesp