O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) apresentou nesta segunda-feira (29) um pedido ao Tribunal de Contas da União (TCU) para que seja feita uma auditoria na Caixa Econômica Federal após denúncia publicada pelo portal UOL sobre o uso do banco pelo ex-presidente Bolsonaro para conquistar votos em ano eleitoral.
Segundo a reportagem, por medida provisória, foram criadas duas linhas de crédito na Caixa para a população mais pobre. Até a eleição, foram liberados R$ 10,6 bilhões para 6,8 milhões de pessoas.
O texto da MP definia que qualquer banco podia participar da abertura das linhas de crédito, mas a Caixa foi a única a assumir o risco.
A primeira criava uma linha de microcrédito para pessoas com nome sujo. Até as eleições, a Caixa emprestou R$ 3 bilhões no programa, chamado de SIM Digital. Mas muito pouco desse dinheiro retornou. A inadimplência chegou a 80% neste ano, segundo a atual presidente do banco. Parte do rombo deve ser coberto com verbas do FGTS.
A outra liberava empréstimos consignados ao Auxílio Brasil. Entre o primeiro e o segundo turno das eleições, a Caixa liberou R$ 7,6 bilhões. O programa é criticado por reduzir o valor do benefício social para pagar o empréstimo. Segundo o UOL, mais de 100 mil devedores foram excluídos do Bolsa Família este ano e o pagamento das parcelas do crédito é incerto.
“Os agentes responsáveis precisam ser punidos”, afirmou Kajuru, líder do PSB no Senado.
No pedido, Kajuru afirma que as revelações “apresentam resultados lesivos ao Erário” e são consequências “de um robusto processo de instrumentalização da Administração Pública voltado para a campanha eleitoral”. “A criação e a instrumentalização de programas sociais com o único objetivo de interferir no pleito é uma infração grave, pois representa abuso do poder político e econômico, pois teve o objetivo de impactar na disputa entre candidatos”.
O parlamentar defende que o TCU faça uma auditoria financeira e operacional, com ênfase na reserva de liquidez da Caixa e na aplicação dos recursos do FGTS como garantidor do Sim Digital. “Outro ponto essencial é análise do nível de risco que o banco estatal foi exposto durante a manobra eleitoreira, com a quantificação do prejuízo real”, acrescentou.
Segundo o UOL, a aventura eleitoral também custou a queima de reservas da Caixa. No último trimestre de 2022, o índice de liquidez de curto prazo, um indicador de risco, chegou ao menor nível já registrado pelo banco.
Com informações do UOL e do Brasil 247