O vereador de Salvador, Silvio Humberto (PSB), destacou a luta antirracista e as ações que promove na busca por equidade para a população negra, em entrevista ao portal de notícias Muita Informação!
Para o socialista, que fez parte do grupo que elaborou o Programa de Ações Afirmativas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o enfrentamento ao racismo “não tem saídas individuais, as saídas precisam ser coletivas”.
Ele fundou o Instituto Cultural Steve Biko, uma organização sem fins lucrativos que auxilia jovens negros e negras a ingressarem nas universidades. O instituto recebeu o Prêmio Nacional de Direitos Humanos em 1999.
“O Instituto Cultural Steve Biko é um grande exercício do ‘aprender fazendo’ e de continuidade das lutas travadas individualmente e coletivamente pelo movimento negro, que sempre entendeu que este é o caminho para a ascensão social da população negra”, disse.
“O enfrentamento do racismo não tem saídas individuais, as saídas precisam ser coletivas […] Nós pegamos aquela lança que Zumbi jogou para o alto para dar continuidade à luta e não cair na mão dos inimigos”, completou.
Na opinião de Silvio Humberto, a população brasileira precisa entender que a luta contra o racismo é de toda a sociedade, e que o país não vai para frente enquanto não combater a discriminação racial. “Eu diria que ser um militante negro, não só aqui dentro da diáspora, é você entender, pegando as palavras de Ella Baker, uma militante negra dos Estados Unidos, que quem luta por liberdade não descansa nunca. Só que a população brasileira, sobretudo a população branca, precisa entender que a luta contra o racismo não é específica da população negra, indígena e de outros que são discriminados. É uma luta da sociedade brasileira, e precisa ser abraçada, entendida, criadas possibilidades com todos os envolvidos. Esse país não vai a lugar algum enquanto não enfrentar o racismo devidamente”, disse.
Ainda na avaliação do vereador, os que classificam a luta do povo negro como “revanchismo” estão reeditando o mito da democracia racial. “Chamar de revanchismo a luta do negro é típico de quem não entendeu a complexidade do fenômeno racismo, que confunde racismo com preconceito, e não entende que quando nós afirmamos a questão racial, nós estamos afirmando algo que vai para além da nossa identidade, estamos nos afirmando enquanto ser humano. Porque a primeira coisa que o racismo nos tira é a nossa humanidade”, declarou.
Silvio é formado em Economia pela Universidade Católica de Salvador (UCSal) e professor da Universidade Federal de Feira de Santana (Uefs). Ele destaca o investimento que a família fez na sua educação como decisivo para a sua “virada de chave”.
Para o socialista, a ocupação dos espaços de poder pelo povo negro vai possibilitar que esta parcela da população viva em condições melhores.
Com informações do portal M!